sábado, 2 de novembro de 2013

mais gasta ein...




Eduardo Campos é o governador que mais eleva gastos no país

O presidenciável Eduardo Campos (PSB) é o governador que mais eleva gastos no país no atual mandato, mostra levantamento feito a partir dos relatórios dos Estados.

De janeiro a agosto deste ano, Pernambuco contabilizou despesas totais de R$ 23,6 bilhões, o que representa um aumento de 55,9% sobre os R$ 15,2 bilhões dos primeiros oito meses de 2010.

A taxa de crescimento está bem acima da média do conjunto dos Estados, de 35,9% no período. O levantamento não inclui Espírito Santo e Amapá, cujos dados não estavam disponíveis nos sites Compara Brasil (que reúne estatísticas fiscais de Estados e municípios) e do Tesouro Nacional.

Os resultados mostram que a aguda piora das contas públicas neste ano não será um tema confortável para os principais candidatos nas eleições do próximo ano.

A deterioração é mais visível na administração de Dilma Rousseff, mas os gastos também sobem mais que as receitas de forma generalizada entre os Estados, incluindo os governados pela oposição.

Em São Paulo e Minas, principais vitrines administrativas do PSDB, o superavit primário _a poupança destinada ao abatimento da dívida_ está em queda, o que tende a se acentuar com o calendário eleitoral.

Em Pernambuco, o afrouxamento fiscal é mais evidente: houve deficit primário nos anos passado e retrasado, e neste ano, até agosto, o saldo está em queda.

Isso significa que o Estado está se endividando para cobrir suas despesas rotineiras, como pessoal e custeio administrativo, e as obras públicas.

Todas as modalidades de despesas pernambucanas mostram elevação acima da média dos Estados, com destaque para os investimentos, que cresceram 78,5% de 2010 para 2013.

A gestão de Eduardo Campos tira partido do baixo nível de endividamento de seu Estado. Como a dívida equivale a 44,4% da receita anual e o teto fixado na legislação é 200%, há margem para tomar novos empréstimos.

No ano passado, os gastos com pessoal chegaram a 50,9% da receita, acima do teto legal de 49%; de lá para cá, caíram para 44,6%.

olhos no ceu




Eclipse amanhã poderá ser observado no CearáO fenômeno será visto parcialmente no Brasil por causa da posição da América do Sul em relação a Terra. O eclipse vai ser mais longo em Maceió

Amanhã, ocorrerá um eclipse do Sol, que será visível no Ceará. O fenômeno começará exatamente às 8h04min, horário de verão em Brasília (7h04min em Fortaleza) e atingirá o seu máximo, quando a Lua encobrirá o Sol, às 10h47min do Distrito Federal. No Brasil o eclipse também será visto na metade Norte do Brasil.

Os moradores do Ceará, além do Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, nordeste de Goiás e Norte de Minas Gerais serão privilegiados e conseguirão acompanhar o fenômeno. No Centro-Sul do País, vai ser impossível ver o eclipse.

O eclipse, chamado de híbrido, é raro de acontecer. O fenômeno é diferente dos demais, pois apesar de todo o Sol ficar encoberto pela Lua, em algumas localidades, vai ser visto do tipo anular, quando o diâmetro Lua parece insuficiente para cobrir toda a estrela. Essa dualidade acontece por causa da curvatura da Terra, que faz com que em certos lugares, a Lua fique mais próxima do Planeta do que em outros. Apesar dessa diferença na distância lunar não ser muito grande, já é suficiente para causar o efeito. No Brasil o eclipse será mais rápido na região Norte. Em Manaus, inicia-se às 6h46min locais e terminando às 7h52min. Em outras cidades, deve durar mais, como em Maceió, onde o começo vai ser às 7h59min e o final às 10h07min. O fenômeno só será visto parcialmente no Brasil, por causa da posição da América do Sul em relação a Terra.

A América do Sul, no entanto, não estará no caminho do eclipse híbrido. A Lua só vai entrar totalmente na frente do Sol em estreita faixa da superfície terrestre, que começa no meio do Oceano Atlântico, perto do Sudeste dos Estados Unidos, e se estenderá até alguns países africanos, como os dois Congos, Gabão, Uganda e Etiópia. No extremo do Rio Grande do Norte e do Amapá, o acontecimento será mais intenso e a Lua cobrirá cerca de 40% do disco solar. O valor cai para 30% em Pernambuco, no Piauí, no Maranhão e no Pará. Já nas áreas de Minas Gerais e Goiás, que verão o eclipse, apenas 15% do disco solar será encoberto.

Um eclipse solar ocorre sempre que a Lua se posiciona entre a Terra e o Sol. Se durante o fenômeno o satélite natural do nosso Planeta encobrir completamente o Sol, é chamado de eclipse total. Caso contrário, parcial. (das agências de notícias)


perigo




Após mais de 20 tremores, Defesa Civil manda esvaziar cidade do RN
O maior abalo, de 3,5 graus, foi registrado na noite de quinta em Pedra Preta, a 115 km de Natal

 A Defesa Civil do Rio Grande do Norte ordenou que os mais de 2 mil moradores de Pedra Preta, a 115 quilômetros de Natal, deixem a cidade o mais breve possível. Da noite de quinta-feira, 31, até a madrugada desta sexta-feira, 1, foram anotados mais de 20 terremotos acima da magnitude de dois graus na escala Richter. Seis tremores foram acima de 2,5 graus. O maior, de 3,5 graus, aconteceu às 22h46 da quinta-feira. Já na manhã desta sexta, por volta das 8h51, ocorreu um tremor de 3,3 graus

Inicialmente, a orientação da Defesa Civil era a de que os moradores de Pedra Preta ficassem em casa, levando em consideração que situação semelhante ocorreu na década de 1980 em João Câmara (RN) e Palhano (CE). Mas, com o terremoto de 3,5 graus, o órgão decidiu retirar os moradores, que estão assustados.

A evacuação se dá no sinal de alerta emitido pelo Corpo de Bombeiros, que teme que as casas caiam. Uma equipe do Laboratório Sismológico do Nordeste (LabSis), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, está em Pedra Preta.

A atividade sísmica em Pedra Preta vem se manifestando desde dezembro de 2010 com fases de alta e baixa atividade, segundo o LabSis. A atual fase, de alta atividade, começou em 24 de outubro. Um levantamento feito a partir dos registros da estação Riachuelo a aproximadamente 46 quilômetros do epicentro em Pedra Preta mostra que já foram registrados 170 tremores. A fase atual é de intensa atividade sísmica.

francamente




Maconha na Nutella vira batalha judicial por pirataria de marca
Italiana Ferrero dona da famosa marca de creme de chocolate com avelã quer evitar confusão do seu produto com imitação americana que contém óleo de haxixe

A multinacional italiana Ferrero, fabricante do creme de avelã Nutella, informou que vai tomar providências legais para proteger sua marca contra imitações.

A empresa quer evitar a vinculação do seu produto com o de uma companhia californiana que lançou a Nugtella, creme que mistura chocolate com maconha medicinal.

A Nugtella  é uma imitação da marca original criada em 1964 por Michele Ferrero. Na sua composição, ela contém óleo de haxixe, substância extraída da folha da maconha.

Comunicado. "A Ferrero, o fabricante do creme de avelã Nutella, não tem qualquer filiação ou de nenhuma forma sancionou o  produto vendido pela Organicares - Folha de Açúcar Comestíveis sob o nome de Nugtella", afirma o comunicado da companhia italiana.

A empresa destaca que Nutella é uma marca registrada, mas evita detalhar quais são as providências legais que pretende tomar contra a empresa americana.

"A Ferrero tomará as medidas necessárias para proteger os seus direitos e não permitir que exista confusão ou semelhança com o seu celebrado creme de avelã", acrescenta o comunicado.

Segundo a Ferrero, a Nutella é um dos mais conhecidos e vendidos cremes de avelã com cacau do mundo, disponível em mais de 75 países e desde 2005 no Brasil.

alternativa



OMS: profissionais de nível médio são alternativa para áreas sem médicos
Segundo a Organização Mundial da Saúde, em algumas áreas, parteiras, enfermeiras e auxiliares 'atendem tão bem quanto os médicos, se não mesmo melhor do que eles'

 Países como o Brasil que sofrem com a falta de médicos em algumas regiões poderiam resolver esse déficit treinando, formando e mobilizando parteiras, enfermeiras, auxiliares médicos e clínicos cirúrgicos para garantir o atendimento à população. A recomendação está sendo publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no que seria a primeira análise sistemática que compara o atendimento de médicos e demais profissionais de saúde em dezenas de setores.

O estudo é uma resposta a esforços de governos em busca de encontrar soluções para regiões mais pobres e menos atrativa para médicos. A mensagem é de que, no lugar de gastar recursos com a formação ou a importação de médicos, verbas poderiam ser investidas de forma mais eficiente mobilizando outros profissionais.

Em nenhum momento a OMS sugere que esses profissionais substituam de forma definitiva ou em sua totalidade os médicos nas regiões mais afetadas por falta de mão de obra. Mas aponta que, em determinadas áreas da saúde, os profissionais de saúde de nível médio "atendem tão bem quanto os médicos, se não mesmo melhor do que eles". A OMS também insiste que essa opção não é uma recomendação apenas para países pobres. Isso porque grande parte dos estudos que comprovam essa tese foi realizada em países ricos.

"Nos países onde esses profissionais de saúde foram mobilizados, os resultados clínicos de determinados serviços foram tão bons quanto os daqueles realizados por médicos - e, em alguns casos, até melhores", indica o estudo que compilou dados de 53 pesquisas diferentes realizadas em 18 países nos últimos 20 anos.

"Os nossos resultados derrubam o mito segundo o qual uma utilização mais extensa de profissionais de saúde de nível médio poderia levar a serviços de menor qualidade; apesar das limitações da evidência, aparentemente, em algumas áreas, eles chegaram a apresentar um desempenho superior ao dos médicos", diz a principal autora do estudo, Zohra Lassi, professora da Divisão de Saúde das Mulheres e Crianças na Universidade de Aga Khan em Karachi, Paquistão. "A maior parte dos nossos resultados aponta para oportunidades que todos os países - tanto ricos quanto pobres - podem explorar."

Um dos resultados da pesquisa aponta que, "quando os cuidados são prestados às mães e aos recém-nascidos por parteiras, em vez de por médicos trabalhando com as parteiras, os índices do recurso à episiotomia (incisão cirúrgica feita para facilitar a saída do bebê, que pode levar a complicações) e à utilização de analgésicos são inferiores".

O estudo também aponta que, em campos como a prevenção e o tratamento de doenças cardíacas, diabetes, questões de saúde mental e infeção pelo HIV, o atendimento prestado por enfermeiras pode ser tão eficiente quanto aquele prestado pelos médicos caso haja treinamento.

Moçambique. Outro fator é a capacidade de manter esses profissionais nas zonas mais necessitadas. Um dos exemplos é o caso de Moçambique. Lá, médicos foram treinados. Mas optaram por sair das regiões mais pobres e buscar maiores oportunidades de trabalho na capital ou no exterior. Já 95% das parteiras e enfermeiras treinadas permaneceram nas áreas mais necessitadas.

Diante da constatação, a OMS "encoraja todos os países a adotarem a combinação mais eficiente possível de quadros e competências em cuidados de saúde para atender às necessidades de saúde de suas populações".

Na avaliação da OMS, os resultados do estudo "são particularmente relevantes para os países que se esforçam para fornecer aos seus cidadãos o acesso universal a serviços de saúde de qualidade e a preços acessíveis".

"A realização ou a manutenção de uma cobertura universal de saúde é um desafio para todos os países: os modelos tradicionais de cuidados médicos, dominados pelo provimento de serviços curativos caros orientados por médicos em centros de cuidados terciários, possuem suas limitações", declara Giorgio Cometto, consultor para o diretor executivo da Global Health Workforce Alliance, uma parceria da OMS.

"Porém, quando se atribui um papel mais proeminente aos profissionais de saúde de nível médio, os serviços de saúde podem responder melhor às necessidades dos cidadãos - e esta abordagem pode igualmente levar à economia de dinheiro em longo prazo", diz Cometto, que também é um dos autores do estudo.

Para ele, "os resultados desse estudo pode ajudar países como o Brasil a lidar com seus desafios em termos de saúde".

mudanças





USP propõe mudar 'estatuto da ditadura'
A ideia de um novo documento, elaborado com a participação de alunos, funcionários e docentes, foi apresentada nessa quinta-feira, 31, aos grevistas

A Universidade de São Paulo (USP) vai reelaborar o estatuto da instituição na primeira quinzena de maio de 2014, com a ajuda da comunidade acadêmica - alunos, professores e funcionários. É o que determina uma nova proposta de negociação apresentada ontem pela reitoria da universidade aos grevistas. Mas os estudantes decidiram em assembleia nessa quinta-feira, 31, à noite manter a greve e a ocupação que já duram um mês.

Com o novo estatuto, serão redefinidas as regras da USP e até a forma de governo, se por reitoria ou governo tripartite, além da forma como se elegem os governantes - por eleições diretas ou indiretas.

O estatuto da universidade é de 1988, mas alguns itens que nele constam são de 1972, época da ditadura, como o regimento disciplinar. Uma das normas desse regimento permitiu a expulsão de seis alunos da universidade pela ocupação de salas da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) em 2010.

O novo estatuto seria definido em um congresso, com participação de professores, alunos e funcionários. As mudanças propostas no congresso serão encaminhadas, segundo a universidade, "às instâncias competentes" a partir do término do evento. Segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE), falta a universidade garantir que todos os funcionários terão dispensa do trabalho no dia do congresso. "Esse estatuto deverá ser criado de forma democrática, com todos", afirmou a diretora do DCE e estudante do segundo ano de Letras, Luisa D'Ávola, de 25 anos. Em nota, a USP afirma que "recomendará a liberação dos congressistas das atividades de estudo e trabalho" durante o congresso.

Moradia. Na reunião dessa quinta, a universidade se comprometeu a transformar outros dois prédios, chamados de "K"e "L", em moradia estudantil. A reitoria também se comprometeu a reajustar o valor das bolsas estudantis segundo índice de reajuste salarial acordado no Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) e a debater a permanência da PM.

Um dos pontos polêmicos, segundo os estudantes, é a negociação para que nenhum aluno que tenha aderido à greve seja punido. "A universidade ainda não assegurou que não haverá punições", afirmou o diretor do DCE e aluno de Ciências Sociais, Pedro Serrano, de 22 anos.

la vem bomba



Contra a vontade de Mantega, Dilma dá aval a ‘gatilho’ para preço da gasolina
Discussão sobre reajuste criou tensão dentro do governo: presidente da Petrobrás tornou público modelo de reajustes automáticos, mas ministro resistia e disse que ideia não poderia sair ‘de afogadilho’


Na disputa interna aberta no governo em torno da dimensão e da forma do reajuste do preço da gasolina, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, ganhou o embate com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

A presidente Dilma Rousseff avalizou a concessão de um "gatilho" para reajustar os preços dos derivados de petróleo, "duas ou três vezes por ano", e garantir "previsibilidade" aos planos de negócios da Petrobrás, informou ao Estado um auxiliar presidencial.

Graça defendia exatamente um mecanismo que desse previsibilidade às correções da gasolina e do diesel, mas Mantega resistia. Tanto é que, na quarta-feira, ocorreu um curto-circuito: a presidente da Petrobrás divulgou um fato relevante explicando em linhas gerais o novo mecanismo de preços, e o ministro disse que a medida ainda estava em estudo e não poderia ser feita "de afogadilho".

A medida aprovada por Dilma, segundo o Palácio do Planalto, será calibrada em detalhe para tentar não pressionar a inflação, ainda a principal preocupação macroeconômica da presidente. Objetivo declarado do governo até aqui, a manutenção dos índices de inflação abaixo daqueles registrados no ano passado, é um ponto de honra para Dilma.

Ao reforçar o caixa da estatal para evitar novas "punições" do mercado, como um eventual rebaixamento de nota pelas agências de classificação de risco, Dilma também "premia" os esforços feitos por Graça Foster para recuperar as finanças da empresa e blindar as operações de ingerências e nomeações políticas. "Depois do que ela fez, o Mantega não poderia ganhar essa", disse a fonte.

Embora considere "excelente" o resultado obtido por Graça na petroleira, Dilma também decidiu que o "gatilho" não será exatamente como quer a Petrobrás, atrelado a cotações internacionais do petróleo e a fórmulas complexas de indexação a produtos no exterior.

O País não pode, segundo a avaliação do Palácio do Planalto, "importar" inflação derivada da flutuação das cotações e da instabilidade típicas do mercado de petróleo. O uso do câmbio como indexador dos preços internos também é considerado potencialmente perigoso pelo governo. A ideia é que o efeito das oscilações do petróleo e do dólar sejam calibrados.

Caixa. Dilma considera justo dotar a Petrobrás de instrumentos de recomposição do caixa, bastante afetado pelo alto endividamento, para suportar o volume de investimentos requeridos nos próximos anos para a operação do recém-concedido campo de Libra.

Dilma também considera que Graça fez "ótimo trabalho" ao desinflar a empresa, saindo de negócios incertos ou duvidosos, livrando a Petrobrás de problemas em ativos complicados, como a sociedade com a venezuelana PDVSA na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

No Planalto, há um reconhecimento de que a petroleira atrasou, e segurou o quanto foi possível, a pressão do mercado financeiro por reajustes robustos. Mas avalia-se, ainda, que há pressões exageradas em termos de índices de reajuste.

A Petrobrás tem sofrido severas críticas por submeter seus resultados aos planos do governo para controlar a inflação. Teve seu rating reduzido por três das principais agências de classificação de risco justamente por aceitar a intervenção do governo, seu principal acionista.

"dia de furia"




SP: protesto fecha Marginal do Tietê por uma hora
Tropa de Choque usou bomba para dispersar manifestantes que resistiam a uma reintegração de posse; criança ficou ferida no tumulto

Um protesto na tarde desta sexta-feira, 1º, fechou a Marginal do Tietê por uma hora. Cerca de 100 pessoas bloquearam a via nos dois sentidos, na altura da Ponte Orestes Quércia, conhecida como Ponte Estaiadinha, no Bom Retiro, região central de São Paulo, às 16 horas, para protestar contra a reintegração de posse de terreno onde formou-se uma favela.

A Tropa de Choque da Polícia Militar usou bombas de gás para dispersar os manifestantes, que liberaram as pistas por volta das 17 horas. Uma criança foi atingida por uma pedra na cabeça atirada durante o tumulto.

Os manifestantes, que carregavam faixas e cartazes, atearam fogo em pneus e fizeram barricadas nas pistas. Além dos policiais da Tropa de Choque, helicópteros da Polícia Militar também sobrevoaram a área onde houve o protesto, motivado por um pedido de reintegração de posse para remover os moradores do terreno que pertence à Prefeitura de São Paulo.

Alguns manifestantes chegaram a jogar pedras nos policiais, que revidaram com bombas de gás. No tumulto, uma criança que estava no colo da mãe foi atingida na cabeça por uma pedra. Os moradores alegam que o objetivo do protesto não era "fazer vandalismo".

Às 17 horas, a capital registrou 171 quilômetros de congestionamento nas vias monitoradas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Só a Marginal do Tietê tinha 12,2 quilômetros de lentidão nas pistas expressa e local, da Rodovia Castelo Branco ao Rio Tamanduateí.

Rodovias. Antes de a pista ser liberada, motoristas se arriscaram a passar pelas barricadas de pneus em chamas. O bloqueio influenciou também o congestionamento das rodovias que chegam à capital. As Rodovias Castelo Banco e Bandeirantes tinham no final da tarde dois quilômetros de lentidão no sentido São Paulo. Segundo a Polícia Militar, uma pessoa foi detida durante o protesto para averiguação e depois, liberada.

A área da Prefeitura foi invadida em junho de 2013. Em 24 de outubro, a Prefeitura conseguiu reverter a decisão do Tribunal de Justiça paulista que adiou em 90 dias a reintegração de posse do local.

Como o mandado de reintegração foi expedido pela Justiça na quinta-feira, 31, a retirada dos moradores poderia ser feita a qualquer momento. Em setembro, os moradores já haviam protestado contra o pedido de reintegração.

Reivindicação. De acordo com um dos líderes do protesto, Luciano Nascimento, haverá tentativa de novo diálogo com a administração municipal. "Vamos negociar com a Prefeitura e pedir que atendam à reivindicação de moradia", afirmou Nascimento.

Ele alega que, das 594 famílias que ocupavam o local inicialmente, 150 não foram cadastradas para receber atendimento habitacional. "Eles falaram que voltariam para atender as famílias que faltavam e nunca mais voltaram", disse.

Ainda segundo os moradores da favela, eles solicitaram à Prefeitura a transferência para um terreno próximo ao Shopping Center Norte, mas a reivindicação foi negada porque a área tem o solo contaminado.

A Prefeitura alega que as famílias não cadastradas já haviam recebido atendimento habitacional anteriormente e foram para a área apenas com o objetivo de receber outro atendimento, por isso ficaram de fora do cadastro.

Número. De acordo com os moradores, existem 245 famílias no local. A Prefeitura afirma que, em sua última checagem, havia 80 famílias ocupando a área, mas admite que o número pode ser ainda maior, porque o terreno tem recebido novos moradores.

Apesar da reintegração expedida na quinta-feira, 31, a Subprefeitura da Sé afirmou não ter recebido nenhuma notificação - o órgão é responsável por acompanhar as reintegrações de posse na sua jurisdição.

Ataque com drone americano mata líder do Taleban paquistanês




Um ataque com aviões não tripulados (drones) americanos matou nesta sexta-feira, 1, o líder do Taleban paquistanês, Hakimullah Mehsud, informaram fontes do governo e do grupo militante. Mehsud liderava o grupo, uma coalizão de facções radicais ligadas ao Taleban afegão, desde 2009. Ele era um dos homens mais procurados do Paquistão.

"Podemos confirmar que ele foi morto num ataque com drones", disse uma fonte do Exército paquistanês. O motorista e o guarda-costas do militante também foram mortos no ataque, confirmado a agência Reuters por quatro fontes ligadas ao governo e ao Taleban. Ainda de acordo com essas fontes, o ataque, que matou outros dois colaboradores próximos do líder taleban, deixou no total 25 vítimas.

Ao menos quatro mísseis foram disparados por drones no começo do dia contra uma residência fortificada em Danda Darpa Khel, na região tribal do Waziristão do Norte, um dos principais focos de insurgência islâmica do país.

O governo americano oferecia uma recompensa de US$ 5 milhões pela sua captura. Há quatro anos, Mehsud apareceu em um vídeo de despedida do homem-bomba que executou um atentado que matou sete agentes da CIA no Afeganistão, em 2009.

A morte do terrorista ocorre em meio a debates sobre possíveis negociações de paz entre o Taleban e o governo do primeiro-ministro Nawaz Sharif, eleito em maio.

chegar cedo pro ENEM ninguem chega ne,agora...






O frenesi juvenil de Justin Bieber
Pela segunda vez no País, cantor traz no repertório atitude de criança mimada e sucessos de seu disco mais recente

Com o show que faz neste sábado na Arena Anhembi, em São Paulo, é a segunda vez que Justin Bieber vem ao Brasil para se apresentar. Os dois shows que faz no País – no domingo, ele também se apresenta na Apoteose, no Rio – são parte da etapa final da mega turnê Believe, cujo repertório é baseado no álbum de mesmo nome, seu terceiro disco de estúdio, com 7,1 milhões de cópias vendidas no mundo todo.

O set-list, no entanto, não se resume ao disco: inclui também sucessos mais antigos (do EP My World e de seu disco de estreia, My World 2.0) e canções feitas em colaboração com outros artistas, como Carly Rae Japsen, responsável pelo hit Call Me Maybe, e Jaden Smith, filho do ator Will Smith. Quando terminar a turnê, no início de dezembro, Bieber terá somado 154 shows na América do Norte, na América do Sul, na Europa, na África, na Ásia e na Oceania – antes de desembarcar no Brasil, o rapaz fez shows no Panamá e na Colômbia.

Dois anos depois das últimas apresentações que fez em solo brasileiro, Bieber está mudado. Da última vez que veio para cá, promovendo sua primeira turnê mundial, My World, ainda guardava um pouco da inocência infantil que era grande parte de sua novidade, quando surgiu com o sucesso One Time, aos 15 anos. Com o penteado compacto e a voz ainda púbere, era um adolescente no palco e na atitude.

Quando se apresentar hoje à noite, aos 19, terá um topete, em vez do inocente corte tigelinha, e não é improvável que fique descamisado para mostrar as 20 tatuagens que tem no corpo, agora menos magrelo e mais musculoso – sempre um evento para as “beliebers”, como são chamadas as fãs do rapaz, muitas delas adolescentes.

Esse tipo de frenesi juvenil, aliás, diz muito sobre a imagem que o cantor ainda inspira na mídia, mesmo que seu último disco de estúdio tentasse mirar um público mais maduro. Apesar disso, a impressão é que, quanto mais velho Bieber fica, mais age como uma criança mimada.

Com um mau humor e uma tendência a chiliques já típicos, as últimas polêmicas em que se envolveu fazem a imagem de um jovem pirracento. O processo de desintegração da imagem de garoto-bebê não é tão escandalosa quanto o de Miley Cyrus, mas envolveu algumas ousadias: noites com strippers, ataques a papparazzi, drogas em ônibus de turnê e até uma cuspida (literal) em fãs entre os exemplos.

Independentemente das controvérsias, no entanto, Bieber continua um sucesso. No início deste ano, se tornou o primeiro artista com menos de 19 anos a ter lançado cinco discos que chegaram ao topo da parada da Billboard, com o lançamento da versão acústica de Believe.

E seus quatro últimos singles parecem indicar um novo trabalho no horizonte. No início de outubro, Bieber anunciou que lançaria um single a cada segunda até o início de dezembro, em antecipação de seu novo filme, Believe 3D, um documentário sobre sua turnê.

tentando arrumar a "merlin" que fizeram...




Governo tenta 'salvar' licitação de Confins

O governo colocou em prática uma operação de emergência e prepara planos alternativos para tentar garantir que, em menos de um mês, apareça ao menos um interessado de peso em arrematar o aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte. O leilão está marcado para o próximo dia 22.

Como há forte demanda pela concessão do aeroporto do Galeão (RJ), e um risco alto de não haver interessados no terminal mineiro, o governo avalia alterar a regra que limita a 15% a participação cruzada dos consórcios vencedores da primeira rodada de licitação em Guarulhos, Viracopos (SP) e Brasília nos grupos em formação para o novo leilão.

Se o Tribunal de Contas da União (TCU) concordar com a alteração, a exigência criada para evitar concentração nas operações do setor permaneceria apenas para o Galeão, e não para Confins, informou ao Estado um auxiliar da presidente Dilma Rousseff. Seria um "estímulo forte" à entrada dos grupos vencedores em outros aeroportos, como Invepar/OAS, Engevix, UTC/Constran e Triunfo Participações.

O governo também trabalha com outra alternativa, ainda sob avaliação: garantir a presença de fundos de pensão de estatais, como Petros, Funcef e Previ, no consórcio que se candidatar a administrar Confins. Há precedentes, já que os fundos de pensão estão presentes, por exemplo, na Invepar, vencedora da concessão de Guarulhos.

No Galeão, ocorre o inverso. Há demanda de "quatro ou cinco consórcios", segundo a fonte. Mas o governo não quer Galeão e Guarulhos sob o controle dos mesmos sócios, já que isso daria muito poder de fogo a quem controlar os dois aeroportos projetados para funcionar como "hubs" (espécie de centro de distribuição) internacionais. Nesse desenho, Confins será importante aos planos do governo para complementar o sistema doméstico de "hubs", juntamente com Viracopos e Brasília.

Missão. Seja a saída que for, a ordem expressa de Dilma é que a equipe governamental dê um jeito de fazer aparecer concorrentes e impedir que o leilão de Confins seja um fracasso, assim como foi a concorrência do trecho rodoviário BR-262.

A ideia é repetir a força-tarefa empenhada pelo governo no episódio do leilão do campo petrolífero de Libra. A situação era semelhante: até semanas antes da abertura dos envelopes não havia interessados. Diante do desastre iminente, a equipe presidencial conseguiu costurar a formação e a participação de um consórcio poderoso, que topou entrar na exploração da primeira área do pré-sal brasileiro.

A prioridade total do Palácio do Planalto no assunto pode ser explicada porque Dilma está desde o começo deste ano apostando todas as fichas nessas concessões como principal vitrine eleitoral em 2014.

Previu que seriam a tábua de salvação para retomar o aquecimento da economia e para demonstrar algum avanço em infraestrutura durante sua gestão.

Por isso, não importa que seja ao menos um único competidor na disputa por Confins. Será suficiente, na visão da presidente, para que ela capitalize o resultado - no caso de Libra, foi convocada rede nacional de rádio e televisão - e também para escapar de críticas de que seu governo esteja sendo surpreendido pela falta de sintonia com o mercado.

mas isso é evidente




A rua e o poder
Para historiador, protestos carregam uma frágil força: conquistam multidões, mas sem diretrizes políticas duradouras

Mais uma vez, a voz das ruas. Ecos talvez das jornadas de junho, manifestações vibrantes voltaram a ocupar São Paulo. Dessa vez, na estrada federal: com multidões furiosas, caminhões incendiados e barricadas nos arredores da Rodovia Fernão Dias, zona norte, onde o estudante Douglas Martins Rodrigues, de 17 anos, morreu com um tiro disparado por um policial militar no domingo passado.


“As manifestações de junho marcaram o despertar político de uma nova geração. Mas outro levante popular, ainda maior, não pode ser descartado neste momento.” O alerta é do historiador britânico Perry Anderson, professor da Universidade da Califórnia, ex-editor da New Left Review, ensaísta e autor de Espectro: Da Direita à Esquerda no Mundo das Ideias (Boitempo), entre outros.

Aos 75 anos, Perry Anderson vive entre Londres e Los Angeles, mas dedica um inspirado olhar à América Latina e ao Brasil. Cá esteve para participar do Fronteiras do Pensamento em outubro, em Porto Alegre. No primeiro encontro, a impressão: um gênio difícil, dir-se-ia. Um dos mais importantes teóricos marxistas contemporâneos, o intelectual não é fã de entrevistas, escolhe suas palavras meticulosamente, voz firme, óculos quadrados e anotações datilografadas a tiracolo.

O historiador também passou por Campinas e São Paulo, onde nos reencontramos para um café filosófico nos Jardins. “Não gosto de dar entrevistas, particularmente. Todo mundo dá entrevistas atualmente, é muito fácil. É a síndrome de Andy Warhol: todos serão famosos por 15 minutos. Por isso, penso que só se deve falar quando realmente tiver algo a dizer”, justifica. Nesta entrevista exclusiva ao Aliás, Perry Anderson comenta os rumos do Brasil e do mundo em tempos de explosivos protestos populares.

Domingo passado, um jovem foi morto por um PM na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, provocando protestos violentos que travaram a Fernão Dias. Dilma Rousseff criticou a violência contra jovens negros da periferia, ‘a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil’, nas palavras da presidente. Como o sr. analisa o poder (ou a fragilidade) das manifestações nas ruas desde as jornadas de junho no País?

Três grandes conquistas vieram com os protestos de junho. Primeiro, as manifestações marcaram o despertar político de uma nova geração - principalmente, mas não exclusivamente, dos jovens, dos trabalhadores oprimidos. Segundo, ao forçar espetacularmente governantes a recuar no aumento das tarifas de transporte público em grandes cidades, eles fizeram surgir uma compreensão do empoderamento social (de dimensão potencialmente nacional) para setores até então passivos da população. Por último, e não menos importante, levantaram a questão da distribuição escandalosamente distorcida das despesas públicas no Brasil. O mérito para tudo isso vai para os movimentos de esquerda que alavancaram os protestos - o MPL principalmente -, cujo eco popular foi tão expressivo que mesmo forças de direita aderiram às manifestações, pautadas por seus próprios propósitos. Assim, a fragilidade dos protestos está nessa enorme disparidade: por um lado, o pequeno núcleo organizado que inspirou as revoltas de junho; por outro, a escala das multidões que tomaram parte nessas manifestações, sem liderança política ou infraestrutura duradoura. O futuro dependerá de até que ponto essa lacuna poderá ser fechada.

No artigo Lula’s Brazil, publicado na London Review of Books, o sr. destaca a especial ênfase do ex-presidente aos mais pobres. Além da inclusão com programas como o Bolsa Família, o Brasil viu uma forte onda de consumo com a ascensão de uma ‘nova classe média’. A questão toda é sobre poder aquisitivo? É possível proporcionar inclusão e justiça social de outras maneiras?

Certamente é possível - e milhões de brasileiros mostraram neste inverno que eles entendem totalmente como: através da criação de serviços públicos decentes e equitativos para os cidadãos comuns, sobretudo transporte urbano aceitável, assistência médica, habitação social e educação fundamental. A grande conquista do governo Lula foi a criação de empregos e a elevação do poder aquisitivo dos pobres. Esses foram ganhos dentro das relações do mercado. Mas sem avanços correspondentes nas esferas da vida em que as relações de commodities não deveriam ter lugar, o risco é realmente gerar uma sociedade de consumo em que, como nos Estados Unidos, aumentar a prosperidade não é, na verdade, empecilho para aumentar, ainda mais rapidamente, a desigualdade. No Brasil, que ainda continua perto do recorde mundial de má distribuição de renda, só uma reforma radical da estrutura tributária, da administração pública e do sistema político pode frear esse perigo. É necessário um Estado que esteja verdadeiramente sob o controle de seus cidadãos, que seja capaz de oferecer serviços honestos, justos e construtivos para eles.

Mas esse Estado é possível?

Estrategicamente, a chave para a reforma precisa ser uma transformação do sistema político, cuja involução para uma ordem decadente e ensimesmada, afastada da vida popular do país, é agora amplamente reconhecida. Os beneficiários desse sistema - principalmente no Congresso, mas também nos poderes das cidades e dos Estados - não vão aceitar, por vontade própria, nenhuma mudança séria nessa ordem. Só a pressão popular pode forçá-los a fazê-lo. A convocação para uma Assembleia Constituinte é absolutamente correta, mas não pode ser instituída por um apelo presidencial que dependa da aprovação de uma classe política para a qual uma reforma pareceria uma tentativa de suicídio. Em Brasília, o Congresso apenas se renderia à fúria das massas nas ruas e nas praças. Isso é aceitável? As manifestações de junho vieram como um choque para a ordem estabelecida. Outro levante popular, talvez ainda maior, não pode ser descartado neste momento. Mas, para render frutos, uma alternativa construtiva para o atual impasse deve se firmar na imaginação popular. Disso ainda há pouco sinal.

Se fosse escrever um novo artigo, talvez Dilma’s Brazil, como seria? Dilma difere muito de Lula?


Em estilo, naturalmente difere de Lula. Nesse quesito, o dom do ex-presidente é inimitável. Em substância, há poucas diferenças. O que mudou não é nem a natureza nem as ambições da administração, mas as condições em que os dois operam. O crescimento no governo Lula foi impulsionado pelos altos preços de commodities na primeira década do século, que deram ao Brasil um considerável aumento do lucro das exportações. Esse momento passou - e o crescimento caiu. O novo governo tentou contrariar a conjuntura menos favorável ao reduzir as taxas de juros e introduzir modestas medidas protecionistas para estimular a economia. Mas o investimento - baixo há décadas no Brasil, segundo os padrões internacionais - falhou e os preços dos serviços começaram a subir. Isso estreitou o espaço econômico para manobra do governo justamente no momento em que as demandas sociais começaram a explodir, especialmente entre setores jovens da população. Encurralado entre essas duas pressões, o projeto do PT, como moldado no governo Lula, periga se esgotar. É necessário um novo modelo. Se o projeto encontrará um segundo fôlego ainda é uma questão aberta.

Após décadas de neoliberalismo, vimos a ascensão de ‘novos’ governos na América Latina, ao mesmo tempo - Chávez na Venezuela, Kirchner na Argentina, Lula no Brasil. Nomes da esquerda também foram eleitos na Bolívia, Equador e Uruguai. Olhando para trás, as expectativas sobre esses ‘novos’ governos eram muito altas?

Não tenho certeza se concordo com esse retrato. Minha impressão é que a euforia exagerada sobre o grau de uma ruptura com o neoliberalismo no novo século não era tão comum - mesmo porque ficou claro para todos que as experiências sul-americanas que você mencionou estavam se movendo no contrafluxo, quer dizer, contra a tendência do mundo, pois América do Norte, Ásia e Europa estavam ainda alinhados ao neoliberalismo. Na América Latina, é justamente o movimento contrário - não à mais privatização, nem à maior desregulamentação, lidando ainda com uma desigualdade acentuada, mas com medidas de proteção nacional, preocupação com os pobres, defesa da esfera pública - que moldou o horizonte político do continente que, apesar de todas suas irregularidades, tornou-se um farol de esperança para os povos de outros lugares.

Na época, vimos o nascimento do Fórum Social Mundial, após os fortes protestos de Seattle. Nos últimos tempos, vimos o Occupy Wall Street, os indignados espanhóis e outros movimentos contra o capitalismo. A mensagem é similar: outro mundo é possível. Por que esses movimentos explodem, expõem as contradições do sistema capitalista e depois desaparecem?

Aliás, desaparecem? Explicações sobre os padrões dessas repentinas e imponentes explosões de protestos populares - que se iniciam e desaparecem rapidamente, ainda sem provocar muitas mudanças - precisam incluir três fatores principais. Obviamente, o primeiro é a ruptura da continuidade na cultura de esquerda com a vitória do capitalismo ocidental na Guerra Fria. O segundo é o declínio, no mundo inteiro, dos partidos como forma clássica de organização política, agravando essa ruptura de continuidade. E, certamente, o terceiro é o advento da internet, que permite uma comunicação e uma mobilização muito rápidas de muitos indivíduos de outra forma dispersos. Entretanto, precisamente por permitir esse sucesso tão rápido e relativamente tão fácil, nos momentos de crise, a internet acaba desencorajando o trabalho mais lento e mais difícil de criar movimentos políticos com estrutura e organização mais duradouras.

Como o sr. analisa a resposta do Brasil ao escândalo de espionagem americana?

O Brasil certamente se saiu melhor - e mais firmemente - que qualquer país europeu. Ao cancelar a visita oficial a Washington e criticar a espionagem americana no discurso nas Nações Unidas, Dilma Rousseff mostrou gestos de dignidade que nenhum outro líder foi capaz de mostrar. Mas esses gestos permanecem limitados. O grau contínuo de submissão do Brasil ao império americano pode ser visto, por exemplo, no fracasso do país ao (não) oferecer asilo a Edward Snowden, que revelou o esquema de espionagem e desde então está sendo perseguido pela índole vingativa característica de Barack Obama, cujo registro de punições domésticas ultrapassa o de George W. Bush. Podemos ter certeza de que Snowden teria encontrado um refúgio mais feliz no Brasil democrático que na Rússia autocrática. Não ter oferecido isso a Snowden é um motivo para desonra nacional.

Ainda assim, o governo do PT mostra mais independência na política internacional?


Certamente mais que os governos de José Sarney ou de Fernando Henrique Cardoso. Mas se formos justos, precisamos lembrar que nenhuma ação de Lula ou de Dilma, apesar de muitas terem sido positivas, foi tão destemida quanto a de um oligarca da República Velha, Artur Bernardes, que, em 1926, retirou o Brasil da Liga das Nações porque eles se recusaram a dar a qualquer país não europeu um assento permanente no conselho. Essa foi uma decisão de honra.

O sr. publicou um livro sobre a Índia - The Indian Ideology. A experiência desse país seria relevante para o Brasil?


Sim. Acredito que um estudo comparativo entre essas duas democracias - grandes países, mas ainda subdesenvolvidos em certa medida - seria de grande interesse. Deveria haver mais intercâmbio intelectual e político entre Brasil e Índia. Inclusive onde suas reformas sociais oferecem paralelos. É uma pena, pensei muitas vezes, que nunca tenha havido (até onde sei) uma troca de experiências entre seus respectivos programas para redução da pobreza: o Bolsa Família, no Brasil, e a Lei Nacional de Garantia de Emprego Rural, na Índia. Um, referente a uma transferência de dinheiro; outro, à disposição de trabalho. São os dois programas mais importantes nessa linha no mundo.

O sr. é considerado um especialista em história intelectual. Tem conselhos para estudantes nesse campo?


Nunca confunda julgamentos políticos e julgamentos intelectuais. A qualidade dos pensadores sérios nunca é uma simples função de seus pontos de vista ideológicos. Pensamentos - à direita, ao centro e à esquerda - devem ser tratados com cuidado analítico e respeito crítico iguais.

E atualmente qual é o papel dos intelectuais na sociedade?


Há uma ideia generalizada de que para ser um intelectual é preciso ser crítico da ordem estabelecida. Não é verdade. Desde o nascimento moderno do termo, possivelmente mais intelectuais têm sustentado os sistemas dominantes em suas sociedades. Assim, não há uma resposta única a sua questão. O papel dos intelectuais de direita é defender e ilustrar a ordem estabelecida. O papel dos intelectuais de centro é dar eufemismos e conformidade à ordem. O papel dos intelectuais da esquerda é atacá-la radicalmente. E nós precisamos de mais intelectuais assim.


(Via Estadao)

mais uma do PT




Acusado de corrupção diz ter marcado reunião com secretário de Haddad
Interceptações telefônicas mostram que, após saber da investigação, um dos quatro servidores presos sob suspeita de arrecadação de propina na Secretaria de Finanças afirmou que se reuniria com Antonio Donato e com o vereador Paulo Fiorilo (PT)

 Homem forte da gestão Fernando Haddad (PT), o secretário de Governo, Antonio Donato, é citado em escutas telefônicas pelo suspeito de chefiar um esquema de arrecadação de propina na Secretaria Municipal de Finanças, Ronilson Bezerra Rodrigues, durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). A transcrição de ligações interceptadas durante a investigação mostra que Rodrigues procurou Donato e também o vereador Paulo Fiorilo (PT), quando o cerco se fechou contra o grupo.

A interceptação telefônica foi registrada em 16 de julho deste ano, às 17h23. Ex-subsecretário da Receita da Secretaria de Finanças, Rodrigues estava sendo seguido de carro. Segundo a transcrição do áudio, ele afirma a um interlocutor que os quatro suspeitos - Eduardo Horle Barcellos, Luis Alexandre Cardoso Magalhães e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral, além do próprio Rodrigues - haviam sido "chamados", mas que ele estava bem e havia marcado um encontro com o Donato e Fiorilo. Os quatro fiscais foram presos na semana passada, acusados de comandar esquema que deu prejuízo de R$ 500 milhões aos cofres municipais em fraudes na arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS).

Fiorilo, presidente da CPI dos Transportes, admite ter se encontrado com Rodrigues no dia 19 de julho, uma quinta-feira. O vereador afirma que foi "procurado" por Rodrigues na Câmara Municipal.

"Ele disse que estava sendo perseguido. Eu disse que não tinha como ajudar. Ele contou que estava sendo perseguido pela gestão do PT e que precisava de ajuda. Afirmei que a Controladoria-Geral do Município (CGM) era independente e que ele deveria procurar um advogado", disse o parlamentar.

O vereador disse que nunca se encontrou com Rodrigues em seu diretório na zona leste. "Atendi Rodrigues em uma quinta-feira, durante um intervalo da sessão da CPI."

Já Donato não foi localizado até as 13h deste sábado para comentar sua citação nas conversas.

Donato admitiu, em nota divulgada na sexta-feira, ter indicado Ronilson para trabalhar na São Paulo Transporte (SPTrans). Disse que a indicação foi feita antes que houvesse investigações contra ele.

A versão contradiz a Prefeitura, que recebeu denúncia sobre o esquema de corrupção envolvendo Rodrigues no ano passado. A equipe de transição, chefiada por Donato, recebeu cópia das acusações. .

Na nota, o secretário diz que conheceu Rodrigues na Câmara, enquanto era vereador, mas que nunca se encontrou com os outros suspeitos. "Rodrigues compareceu diversas vezes ao Legislativo, representando o secretário de Finanças da gestão passada, Mauro Ricardo."

Amante. Interceptações telefônicas mostram conversas do auditor Luis Alexandre Magalhães com sua amante que comprometem vários servidores. A mulher ameaça denunciar Magalhães. Além dos membros da quadrilha identificados pela investigação, ela cita pelo menos mais dez pessoas. Fala também "sobre como o dinheiro entrava e saía e sobre o esquema da Odebrecht, que fazia as notas fiscais frias". A construtora nega envolvimento no esquema.

Ela ameaça entrar em contato com a imprensa e mandar e-mail relatando a corrupção para Donato, para outros secretários e para o titular da CGM, Mário Vinícius Claussen Spinelli. As ameaças, no entanto, foram feitas quando Spinelli e o promotor Roberto Bodini já investigavam o esquema e preparavam a prisão dos acusados.