quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Legalizado, infelizmente






Colorado já vende maconha para uso recreativo
Ativistas esperam provar que legalização é uma alternativa melhor do que a guerra contra as drogas

As primeiras lojas para a venda de maconha para uso recreativo nos Estados Unidos começaram a funcionar no Colorado, dando início a uma experiência que será observada de perto pelo restante do mundo. Ativistas esperam provar que a legalização é uma alternativa melhor do que a cara guerra contra as drogas travada no país.
Já os mais céticos temem que a nova indústria vá tornar a droga mais facilmente disponível para adolescentes, embora as vendas legais sejam limitadas a adultos maiores de 21 anos.

Os eleitores do Colorado aprovaram a venda em 2012 e ela teve início na quarta-feira. O Estado de Washington tem sua própria versão da lei, que deve começar a vigorar em meados deste ano. O Uruguai aprovou uma lei em dezembro e se tornou o primeiro país do mundo a regular o consumo da maconha.

Defensores da medida argumentam que o mercado legal vai gerar renda para os Estados e permitir cortes nos gastos, pois não haverá tantas pessoas detidas por posse e consumo da droga. Pelo menos 24 lojas em oito cidades do Colorado foram abertas.

"Vou colocar o recibo de compra num quadro quando voltar para casa para lembrar a mim mesmo do que pode ser possível", disse James Aaron Ramsey, que cumpriu uma breve sentença de prisão por posse de maconha menos de um ano atrás e estava aninado com a compra legal da droga.

O Colorado estabeleceu um elaborado sistema de acompanhamento de produção e venda para manter a droga longe do mercado negro. Os reguladores também estabeleceram exigências para embalagem e rotulagem, além de testes e limites de potência da droga.

A maconha continua ilegal de acordo com a legislação federal norte-americana, mas o Departamento de Justiça elaborou uma lista de oito pontos prioritários para a regulação da maconha, que exige que os Estados mantenham a droga longe de menores de idade, cartéis criminosos, propriedades federais e de outros Estados.

"Nós compreendemos que o Colorado está sob um microscópio", disse recentemente Jack Finlaw, jurista ligado ao governador John Hickenlooper e responsável pela supervisão de uma força-tarefa que traçou a lei sobre a droga.

Um grupo de médicos e pessoas que trabalham com dependentes diz esperar mais problemas relacionados à maconha, especialmente em jovens, e que a disponibilidade da droga vai piorar a questão. "É como jogar gasolina no fogo", disse Ben Cort, do Centro de Dependência e Reabilitação do Hospital da Universidade do Colorado.

Ativistas favoráveis à medida esperam que a experiência no Colorado não seja tão perceptível após a corrida inicial às compras. "Adultos têm comprado maconha em todo o país há anos", disse Mason Tvert, porta-voz do Marijuana Policy Project. "A única diferença é que no Colorado eles comprarão de empresas legítimas em vez de adquirirem no mercado paralelo." Fonte: Associated Press. 


Pop





Papa Francisco atraiu 6,6 mi de fiéis em 2013 ao Vaticano
Número é três vezes maior do que a quantidade de fiéis que compareceu ao Vaticano durante o papado de Bento XVI

Mais de 6,6 milhões de pessoas compareceram a eventos no Vaticano com o papa Francisco desde março, quando ele foi escolhido, até o fim de 2013, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, em comparação com os 2,3 milhões que estiveram em cerimônias com o papa Bento 16 durante todo o ano de 2012.

O Vaticano disse que os números têm como base a quantidade de entradas distribuídas para eventos papais como encontros gerais, encontros privados e missas.

Eles também têm como base estimativas sobre a quantidade de pessoas em eventos em que a distribuição de entradas não é necessária, como as aparições semanais na janela sobre a praça de São Pedro.

O Vaticano não divulgou dados comparativos nesta quinta-feira, mas registros de janeiro de 2013 mostraram que cerca de 2,3 milhões de pessoas compareceram a todos os eventos presididos por Bento 16 em 2012.

Bento 16 renunciou em fevereiro de 2013, alegando problemas de saúde, se tornando o primeiro papa em 600 anos a renunciar, sem exercer assim a função até o fim da vida.

Dados divulgados no mês passado, que se limitavam ao número de pessoas presentes às audiências gerais semanais, mostravam que o papa atual havia atraído em nove meses e meio quatro vezes o número de pessoas que Bento 16 teve em todo o ano de 2012.

O papa Francisco, que no mês passado foi escolhido Personalidade do Ano pela revista Time, atrai pessoas ao Vaticano por conta do seu estilo simples e amigável. Bento 16 era mais reservado e bem menos espontâneo.

Primeiro papa não europeu em 1.300 anos, o argentino assumiu uma instituição afetada por escândalos de abuso sexual e que perdia fiéis para outras religiões.

O papa trocou os espaçosos aposentos no Palácio Apostólico por um pequeno apartamento e se transporta num carro normal, e não num de luxo.

Francisco também tem se provado popular com suas declarações a favor de a Igreja buscar a aproximação dos mais pobres, condenar menos e ser mais misericordiosa.

O Vaticano disse que os números divulgados nesta quinta não incluem as multidões que acompanharam o papa nas suas visitas ao Brasil e à Itália.

Mais de 3 milhões estiveram no evento final da visita do papa ao Brasil, realizado na Praia de Copacabana, no Rio, em julho.

O público das audiências gerais e das falas de domingo tem sido superior a cem mil, obrigando a polícia a fechar ruas de acesso ao Vaticano para acomodar mais pessoas. 

bom para o Brasil




Chineses desistem de plantar e agora financiam e exportam soja brasileira
Empresas chinesas tentaram repetir no Brasil a experiência que tiveram na África, de explorar as riquezas naturais, mas esbarraram nos limites para compras de terras e agora se especializam em financiar a produção, processar e vender soja para o exterior

Graves deficiências de infraestrutura e abundância de recursos naturais: a China se deparou no Brasil com a combinação que havia servido de base para a sua bem-sucedida inserção na África. Com sua exuberância de capital, experiência em logística e mão de obra treinada e barata, os chineses organizaram a produção e escoamento de minérios e alimentos na África na década passada de maneira a sustentar seu crescimento econômico, que já exauriu seus recursos naturais. Agora, estão tentando aplicar esse modelo no Brasil.

Em sua penosa curva de aprendizagem, "os chineses estão entendendo que aqui não é a África", observa Marcelo Duarte Monteiro, diretor executivo da Aprosoja, que reúne os produtores de soja e milho do Mato Grosso. Ele esteve quatro vezes na China e perdeu a conta de quantas delegações chinesas recebeu em Cuiabá.

Inicialmente, eles chegaram com a mentalidade de comprar terras e plantar soja, de maneira a assegurar seu abastecimento. Visitaram o sul de Goiás e o Mato Grosso, mas resolveram fixar-se no Oeste da Bahia. O governo baiano abriu escritório em Pequim em 2011.

Recuo. A compra de cerca de 20 mil hectares pela Universo Verde, filial brasileira da Chongqing Grãos, suscitou advertência da Advocacia Geral da União, e uma portaria interministerial, em setembro de 2012, regulamentando a aquisição de terras por estrangeiros. Enquanto eram obrigados a recuar de seu plano de adquirir terras, os chineses perceberam que os produtores locais têm não só uma longa experiência com a adaptação da soja à região - muito diferente das altas latitudes chinesas, de onde o grão é originário -, mas também capacidade de atender um aumento de demanda.

Passaram então a firmar parcerias com agricultores da região de Barreiras, no Oeste da Bahia. Agora seu capital está sendo aplicado na compra de sementes, fertilizantes e implementos agrícolas, que entram como moeda na venda antecipada da produção. Depois de ouvir a Associação de Irrigantes e Produtores da Bahia (Aiba), a Universo Verde decidiu investir em uma planta de esmagamento de soja em Barreiras. A terraplanagem da área onde ela será erguida já está feita. Arredios, os chineses preferem não falar do assunto.

A China tem excedente de capacidade de esmagamento. Comercialmente, faz mais sentido importar a soja em grão do que em óleo ou farelo. O projeto da planta de esmagamento indica o interesse de fornecer parte desses derivados para os mercados do Brasil e de outros países. As americanas Bunge e Cargill já têm plantas de esmagamento na Bahia. A da Universo Verde criará mais concorrência para os produtores venderem sua soja, aumentará o valor agregado na economia local e gerará entre 500 e 800 empregos diretos, de acordo com Jairo Vaz, superintendente de Política de Agronegócios da Secretaria de Agricultura da Bahia. "Os chineses estão mapeando o Oeste da Bahia para instalar silos e armazéns para captação de grãos e suprimento da fábrica."

Logística. Hoje, a produção do Oeste da Bahia segue em caminhões para os portos de Santos e Paranaguá, o que encarece muito o seu custo. Mas a expectativa é que daqui a alguns anos ela possa seguir no sentido contrário, por meio das novas ferrovias que interligarão o oeste e o leste aos portos do norte e nordeste, mais próximos dos mercados dos EUA, da Europa e da China. A Universo Verde prevê a construção de um "porto seco", que receberá os caminhões com os grãos, o óleo e o farelo.

A curva de aprendizagem na logística tem sido acentuada. Os chineses chegaram com a experiência da África, onde suas construtoras firmam contratos com os governos, trazem navios com seus operários, constroem rodovias, ferrovias e portos, vinculam esses investimentos com o fornecimento de minério de ferro, petróleo e outros recursos naturais. E pronto. No Brasil, encontraram um ambiente bem mais complexo: grandes construtoras com vasta experiência internacional, mão de obra local, decisões políticas descentralizadas em Estados e municípios, licenças ambientais e agências reguladoras.

"É muito difícil no Brasil", suspira Li Tan, do grupo chinês Hopeful, que planeja investir R$ 400 milhões em um terminal no porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. "Muito longo, muito complicado para aprovar. É muito mais fácil fazer isso na China." O projeto começou em 2007. Está na fase da licença ambiental. Depois de muitas revisões no prazo, a empresa espera que esteja pronto em dois anos.

"É bom proteger o meio ambiente", diz. "A situação do meio ambiente na China é horrível. Pensar no meio ambiente no início é muito bom. Vocês devem fazer isso. Mas a papelada é muito difícil. Toma muito tempo para concluir o processo."

Li, que está baseado no Estado americano de Iowa, diz que "os Estados Unidos também têm essas regulações, mas o processo está se acelerando e é bem regulado". Em contrapartida: "Às vezes o mercado brasileiro não é bem regulado, você não consegue acompanhá-lo. Você prepara um documento, e dizem: não é esse, é aquele outro. Você faz o outro e dizem que também não é esse, mas um outro. Algumas coisas não são claras."

O negócio do grupo é esmagar soja importada dos EUA, Brasil e Argentina. Do Brasil, importa hoje 1,5 milhão de toneladas por ano. Seu terminal terá capacidade de 8 milhões de toneladas por ano. "Os chineses buscam o Brasil não mais para abastecer a China, mas como mercado consumidor importante, e plataforma de exportação para a região", diz Sergio Amaral, ex-ministro do Desenvolvimento e presidente do Conselho Empresarial Brasil-China.