sábado, 2 de novembro de 2013
"dia de furia"
SP: protesto fecha Marginal do Tietê por uma hora
Tropa de Choque usou bomba para dispersar manifestantes que resistiam a uma reintegração de posse; criança ficou ferida no tumulto
Um protesto na tarde desta sexta-feira, 1º, fechou a Marginal do Tietê por uma hora. Cerca de 100 pessoas bloquearam a via nos dois sentidos, na altura da Ponte Orestes Quércia, conhecida como Ponte Estaiadinha, no Bom Retiro, região central de São Paulo, às 16 horas, para protestar contra a reintegração de posse de terreno onde formou-se uma favela.
A Tropa de Choque da Polícia Militar usou bombas de gás para dispersar os manifestantes, que liberaram as pistas por volta das 17 horas. Uma criança foi atingida por uma pedra na cabeça atirada durante o tumulto.
Os manifestantes, que carregavam faixas e cartazes, atearam fogo em pneus e fizeram barricadas nas pistas. Além dos policiais da Tropa de Choque, helicópteros da Polícia Militar também sobrevoaram a área onde houve o protesto, motivado por um pedido de reintegração de posse para remover os moradores do terreno que pertence à Prefeitura de São Paulo.
Alguns manifestantes chegaram a jogar pedras nos policiais, que revidaram com bombas de gás. No tumulto, uma criança que estava no colo da mãe foi atingida na cabeça por uma pedra. Os moradores alegam que o objetivo do protesto não era "fazer vandalismo".
Às 17 horas, a capital registrou 171 quilômetros de congestionamento nas vias monitoradas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Só a Marginal do Tietê tinha 12,2 quilômetros de lentidão nas pistas expressa e local, da Rodovia Castelo Branco ao Rio Tamanduateí.
Rodovias. Antes de a pista ser liberada, motoristas se arriscaram a passar pelas barricadas de pneus em chamas. O bloqueio influenciou também o congestionamento das rodovias que chegam à capital. As Rodovias Castelo Banco e Bandeirantes tinham no final da tarde dois quilômetros de lentidão no sentido São Paulo. Segundo a Polícia Militar, uma pessoa foi detida durante o protesto para averiguação e depois, liberada.
A área da Prefeitura foi invadida em junho de 2013. Em 24 de outubro, a Prefeitura conseguiu reverter a decisão do Tribunal de Justiça paulista que adiou em 90 dias a reintegração de posse do local.
Como o mandado de reintegração foi expedido pela Justiça na quinta-feira, 31, a retirada dos moradores poderia ser feita a qualquer momento. Em setembro, os moradores já haviam protestado contra o pedido de reintegração.
Reivindicação. De acordo com um dos líderes do protesto, Luciano Nascimento, haverá tentativa de novo diálogo com a administração municipal. "Vamos negociar com a Prefeitura e pedir que atendam à reivindicação de moradia", afirmou Nascimento.
Ele alega que, das 594 famílias que ocupavam o local inicialmente, 150 não foram cadastradas para receber atendimento habitacional. "Eles falaram que voltariam para atender as famílias que faltavam e nunca mais voltaram", disse.
Ainda segundo os moradores da favela, eles solicitaram à Prefeitura a transferência para um terreno próximo ao Shopping Center Norte, mas a reivindicação foi negada porque a área tem o solo contaminado.
A Prefeitura alega que as famílias não cadastradas já haviam recebido atendimento habitacional anteriormente e foram para a área apenas com o objetivo de receber outro atendimento, por isso ficaram de fora do cadastro.
Número. De acordo com os moradores, existem 245 famílias no local. A Prefeitura afirma que, em sua última checagem, havia 80 famílias ocupando a área, mas admite que o número pode ser ainda maior, porque o terreno tem recebido novos moradores.
Apesar da reintegração expedida na quinta-feira, 31, a Subprefeitura da Sé afirmou não ter recebido nenhuma notificação - o órgão é responsável por acompanhar as reintegrações de posse na sua jurisdição.
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