sexta-feira, 9 de agosto de 2013

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Peixe-leão ameaça a segurança alimentar no Caribe
Panamá estuda mobilizar pescadores do Atlântico e do Pacífico para uma pesca massiva do peixe invasor


As autoridades do Panamá iniciaram uma cruzada contra o voraz peixe-leão, um peixe colorido que invadiu a costa do Caribe e já ameaça a população de algumas espécies que garantem o sustento de milhares de pescadores artesanais, colocando em risco a segurança alimentar do País.

"A situação é crítica no Caribe e no Panamá e já estão em risco a pesca artesanal, a indústria pesqueira, o turismo, o ecossistema e a biodiversidade marinha", alertou o diretor da província de Colón da Autoridade de Recursos Aquáticos do Panamá, Abdiel Martínez.

O peixe-leão, que pode crescer até os 20 centímetros e tem glândulas venenosas, chegou ao Caribe  aparentemente de forma acidental. Na região, o peixe não tem predadores naturais, o que fez com que se reproduzisse enormemente, o que não acontece nos oceanos Índico e Pacífico, onde a espécie é autóctone.

Pesca em massa. A autoridade de Recursos Aquáticos planeja uma "captura massiva a nível nacional para diminuir a proliferação do peixe". A guerra contra a espécie invasora deverá reunir pescadores do Atlântico e do Pacífico para a tarefa definida pelo governo como 'titânica'.

Uma experiência piloto foi feita na localizade de Bocas del Toro, fronteira com a Costa Rica. Em apenas cinco horas, 3,2 mil peixes-leão de vários tamanhos foram pescados em uma área não muito profunda, que é onde a espécie é mais comum.

As autoridades também instalaram em armadilhas em formato de cestas destinadas a capturar o peixe. "Estamos buscando outras alternativas que nos ajudem a pescar com responsabilidade esta espécie considerada invasora", declarou Martínez, destacando que está em jogo a segurança alimentar do país.

A tarefa não é fácil, entre outros fatores, porque não existe ainda um plano de manejo oficial para a captura em massa do peixe. Também ainda não existem estatísticas oficiais sobre a população da espécie. Mas a autoridade comentou que algumas áreas, como San Lorenzo, na cidade de Colón, "parece haver um jardim de flores no mar, mas na realidade são apenas os peixes-leões".

Ele cita testemunhos de pescadores que não conseguem mais pescar as tradicionais lagostas, corvinas e camarões que antes eram abundantes na região.

Pesca com anzol. Os peixes-leões podem expandir até quatro vezes o tamanho do seu estômago comendo cerca de 30 pequenos peixes a cada meia hora, segundo Gabriel González, da Fundação Clear The Fish, dedicada a caçar o peixe-leão. Segundo ele, os peixes já aparecem agora em anzóis dos pescadores, quando antes só era possível capturá-los com arpões.

No porto de Obaldía, na comarca indígena Guna Yala, fronteira com a Colômbia, crianças que pescam com anzol conseguem pescar o peixe-leão, "o que significa que já está faltando alimentação para as espécies marinhas e os peixes comem o que encontram", disse González.

As glândulas venenosas do peixe levam os pescadores a fugir do peixe-leão e eles não aproveitam a sua carne, rica em proteínas e com bom sabor."Precisamos ensinar os pescadores a como manejar o peixe após a sua captura, e como fazer em caso de picada", acrescentou o especialista, lembrando que a única parte venenosa são as farpas do peixe.