segunda-feira, 18 de março de 2013
“QUEREMOS ACABAR COM A DOR DE ENVELHECER”
Para o geneticista Hugo Aguilaniu, será possível viver bem até os 125 anos
Há alguns anos, Hugo Aguilaniu, geneticista da École Normale Supérieure de Lyon, na França, se deu conta de que seu trabalho ia além das pesquisas genéticas sobre o envelhecimento. Que não bastava avançar nos estudos para aumentar a longevidade sem encarar outra importante missão: a cura dos idosos. “Essa é a prioridade e a urgência de hoje”, diz. “A pesquisa não está mais focada em estender a vida. Nosso objetivo, agora, é o de melhorar a qualidade do envelhecimento”, relata o cientista.
Integrante do Programa Cátedras Francesas do Estado de São Paulo, ele passou duas semanas no Brasil para ministrar um curso sobre genética do envelhecimento na pós-graduação da USP – a convite de Alicia Kowaltowski. E, na véspera de sua volta para a França, recebeu a coluna.
A discussão é pertinente. O mundo terá um bilhão de idosos dentro de dez anos. O dado, de estudo divulgado pela ONU no ano passado, é um alerta para todas as nações: é preciso correr contra o tempo e adotar medidas que assegurem, desde já, o bem-estar da população – que fica mais velha a cada dia. Segundo a organização, uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, o equivalente a 11,5% da população mundial.
No Brasil, já são 23,5 milhões de idosos (12% da população) – de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011. E a cada mostra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é comprovada a tendência de envelhecimento do País. “A população brasileira está envelhecendo cada vez mais rápido”, diz Aguilaniu. “Os franceses já ganharam seis horas de expectativa de vida por dia. No Brasil, essa velocidade é ainda maior, de nove horas por dia. Isso quer dizer que o bebê que nasce hoje terá uma expectativa de vida nove horas superior ao que nasceu ontem”, explica.
Mas o problema é que, infelizmente, “envelhecer ainda dói”, diz Aguilaniu. Hoje, segundo ele, as pesquisas mostram que os idosos sofrem, em média, 15 anos por causa das chamadas doenças associadas ao envelhecimento. “Queremos acabar com esse longo período ruim pelo qual passamos na velhice.”
Quer dizer que há um caminho para se encontrar a mais perfeita fórmula da juventude? Hugo Aguilaniu tem a resposta: “Já conhecemos moléculas capazes de aumentar a longevidade de mamíferos. A chance de se chegar a uma droga que aumente a vida do ser humano é enorme. E vai acontecer logo”.
Mas, calma. “Temos outra missão: a de matar os mitos. Todos queremos encontrar a fonte da juventude, mas é preciso pensar como sociedade, não individualmente. Imagine se todos nos tornássemos imortais?”
Confira, a seguir, os melhores trechos da conversa.
O Brasil já está velho?
E cada vez mais rápido. Na França, ganhamos seis horas de expectativa de vida por dia. Um bebê que nasce hoje terá uma expectativa de vida seis horas superior ao bebê que nasceu ontem. No Brasil, essa velocidade é ainda maior, de nove horas por dia. São quatro meses e meio por ano. Isso mostra que o problema do envelhecimento da população é muito importante. A população da França já está velha. Aqui no Brasil, o problema é maior, porque a população ainda é jovem, mas vem envelhecendo muito rápido. E tem um outro fator essencial: a queda da taxa de fecundidade.
Qual é a maior dificuldade do Brasil em relação ao envelhecimento?
Este é o debate político que tem de acontecer imediatamente. São muitos os idosos que precisam de ajuda. Na França, que convive com o envelhecimento da população há um tempo, já é difícil, já não se dá conta do recado. A velhice tem um custo muito alto. Quem cuida dos idosos cobra um valor extremamente elevado. E há também os custos com hospital, medicamentos. É um impacto enorme sobre a sociedade e seu crescimento econômico.
A sociedade tem essa noção?
Não. As pesquisas têm evoluído muito rápido e, hoje em dia, já conhecemos moléculas capazes de aumentar a longevidade de mamíferos. Isso quer dizer que a chance de chegarmos a uma droga que aumente a longevidade do ser humano é enorme. E vai acontecer logo. Se pensarmos que a população já está envelhecendo muito rápido e que, de repente, entrará um molécula que prolongará ainda mais a vida, a demografia vai explodir. Poderia matar o crescimento do Brasil de um dia para o outro, por exemplo.
Na sua opinião, qual é o papel do poder público?
A França só agora está se dando conta de que envelheceu. Mesmo falando há anos sobre a importância de se pensar em políticas para a velhice, só recentemente comecei a receber ligações de pessoas do governo preocupadas com a questão do envelhecimento. Ganhamos 25 anos de vida, vivemos até os 85, mas as pessoas ainda querem viver como se fossem morrer aos 60. É preciso reorganizar a sociedade. E fazer com que as pessoas percebam que elas não farão o mesmo trabalho a vida toda. Passaremos a ter o trabalho para os jovens e o trabalho para os mais velhos. As empresas terão de se reorganizar. Será uma mudança global.
Nesse contexto, qual o impacto da sua pesquisa?
Nosso trabalho, nesse momento, é melhorar a qualidade do envelhecimento. Sabemos que é possível alterar em qualquer animal – inclusive no ser humano – a percepção do tempo.
E como se faz isso?
Mexendo com os genes, para que eles mandem informações “erradas” sobre o tempo. A partir daí, o corpo passa a viver com um tempo que não é o real, tendo uma longevidade maior. Em 1993, um grupo de pesquisadores da Califórnia encontrou o primeiro gene capaz de passar por esse processo. Hoje, já sabemos que 50 genes têm tal capacidade. No momento, a pesquisa não está mais apenas focada em estender a vida, mas, sim, em melhorar a qualidade do envelhecimento. Nosso objetivo é que as pessoas possam viver com boa saúde até a morte. Queremos eliminar o longo período ruim pelo qual passamos na velhice. Hoje em dia, idosos sofrem, em média, durante 15 anos. É muito tempo. Se conseguirmos diminuir isso em 10%, já será uma grande vitória.
E o limite da ética? Até quando é possível estender a vida?
Biologicamente, acredito que ninguém possa responder a essa pergunta. Trabalho com um verme – o Caenorhabditis elegans – que tem longevidade normal de 19 dias. Mas hoje, em nosso laboratório, temos animais de quase 1 ano de idade. Se fizermos a transição para o ser humano, são 800 anos. Mas claro que não é tão simples assim. Não dá para saber se há um limite biológico, mas o ético, com certeza, existe. As pessoas querem viver muito. Todos têm a fantasia da imortalidade, de encontrar a fonte da juventude, mas é preciso pensar como sociedade, não individualmente. Imagine se todos nos tornássemos imortais? É um pensamento que pode parecer filosófico, mas é biológico também.
Como assim?
Quando analisamos esses animais que tiveram suas vidas prolongadas, descobrimos que eles passaram a reproduzir muito menos. Aparentemente, esse processo nos mostra que só é possível uma coisa ou outra: viver muito tempo ou investir nas próximas gerações. E ainda não sabemos o porquê. Estamos trabalhando para descobrir.
E já existem pistas?
Está provado que a restrição calórica contribui para o prolongamento da vida. Mas, quando comemos menos, a reprodução diminui. Queremos encontrar o gene que tenha o benefício da restrição calórica na longevidade, sem atingir a reprodução.
Será possível aumentar o tempo de reprodução da mulher?
Há pesquisas intensas nesse campo. Até agora, conseguimos aumentar a longevidade, mas o período de reprodução da mulher continuou o mesmo. Isso cria uma desigualdade a mais entre o homem e a mulher. E nós, geneticistas, costumamos dizer que, a partir do momento em que o ser humano não pode mais se reproduzir, ele está morto geneticamente.
As pesquisas já descobriram os genes para não se ter mais cabelo branco? Ou rugas?
Estamos olhando para aspectos fisiológicos, não estéticos. Mas é lógico que acabam aparecendo. Quando mexemos nos genes da longevidade, descobrimos que ficamos com um aspecto mais jovem também – mesmo que, para nós, pesquisadores, não seja um ponto fundamental.
Como você vê essa obsessão pela juventude?
A estética não prolonga o tempo de vida. Ela apenas melhora a aparência. Não é ruim, mas é o “viver o agora”. As pessoas querem ser bonitas e jovens hoje, porque não sabem o que será amanhã. Porém, há outro ponto: a vontade de viver muito. As pessoas estão dispostas a fazer qualquer coisa para prolongar a vida. Mas temos de tomar muito cuidado com toda essa fantasia. E uma política de estado é capaz de regular isso.
Como?
Do mesmo jeito que existem restrições para os fumantes, para bebidas, tem de haver ações que mostrem para a população que não adianta tomar pílulas em busca de mais anos de vida. Até porque ainda não conhecemos a pílula que vai funcionar. Existirá, com certeza, mas ainda não existe. As pessoas que tomam um monte de pílulas para viver mais estão se enganando. Não funciona.
Até porque as questões do envelhecimento vão além do aspecto físico.
Envelhecer é muito difícil para todo mundo. Temos de aceitar que vamos perder nossas características físicas. E mais: envelhecer dói. Quando visitamos os idosos e perguntamos como é ser velho, a resposta – quase que em 100% dos casos – é “dói, todo dia dói”. E é horrível ouvir isso. Um de nossos principais objetivos é diminuir a dor dessas pessoas.
É muito comum as pessoas chegarem à velhice sozinhas.
Exato. Ao envelhecer, é psiquicamente essencial aceitar ajuda. Na França, que é um país muito mais individualista, as pessoas estão sofrendo também de solidão. Elas não aguentam a ideia de que precisam de alguém.
Mas há quem queira cuidar desses idosos?
As pessoas não conseguem conceber o fato de que podem receber os pais quando ficam velhos. O que seria natural, afinal, é um troca. Pais criam seus filhos e, depois, chega a hora de os filhos ajudarem os pais. Na França, as pessoas ficam sozinhas e morrem sozinhas. E, muitas vezes, se passam muitos meses até que se encontrem os idosos mortos em casa – o que é absurdo. Em alguns casos, eles não têm mais família. Mas o que choca é que muitos têm, sim. Eles estão, simplesmente, abandonados.
É capaz de responder quanto tempo mais a gente vai viver?
Qualquer pessoa que garanta saber a resposta está mentindo. Não dá para saber. Muitos pesquisadores dizem que, se conseguirmos reparar todas as coisas que “quebram” – como em um carro –, não haveria limite, alcançaríamos a imortalidade. Não faço parte dessa linha de pensamento. O que acho possível é uma expectativa de vida de 120, 125 anos. Mas é mera especulação.
E você quer viver quanto?
Quero viver hoje e só. O amanhã é o amanhã. Minha filosofia é viver cada dia como se fosse o último
(creditos Estadao)
Cardíacos obesos têm chance maior de vida longa, diz pesquisa
Estudo avaliou mais de 4.400 pacientes
Pesquisadores do University College de Londres afirmaram que pacientes com problemas cardíacos que são obesos ou acima do peso têm menos chance de morrer precocemente do que pacientes que estão com peso normal.
O estudo com mais de 4,4 mil pacientes chegou a esta conclusão apesar de os obesos e os que estavam acima do peso que foram analisados relatarem mais problemas de saúde e menores chances de seguir os conselhos dos médicos sobre como ter um estilo de vida mais saudável.
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Esta não é a primeira vez que pesquisadores apontam para este paradoxo — o de que estar acima do peso ou obeso, um fator de risco para doenças cardíacas, pode na verdade levar a um prognóstico de vida melhor.
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Um teoria é de que talvez estes pacientes, apesar do peso, estejam mais em forma que pessoas com peso normal. Outra explicação seria o tratamento que os obesos e com sobrepeso recebem ao ir ao médico, que seria mais eficiente para aumentar suas expectativas de vida do que o que pessoas com peso normal recebem.
Sete anos
No estudo, divulgado na publicação científica Preventive Medicine, os cientistas do University College de Londres analisaram dados de pacientes que participaram de uma pesquisa de saúde na Inglaterra e na Escócia.
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Eles descobriram que, assim como em outros estudos, os pacientes que sofriam de doenças cardiovasculares e que eram obesos ou estavam acima do peso tinham menos chances de morrer nos sete anos seguintes à análise do que as pessoas de peso normal e que sofriam da mesma doença.
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No total, 31% dos pacientes estudados eram obesos, com um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou mais.
Estes pacientes em geral eram mais jovens, mas relataram mais problemas de saúde e mais fatores de risco para o coração, como colesterol elevado e pressão alta. Por outro lado, eles mostraram ter menos probabilidade de serem fumantes.
Os pesquisadores descobriram que, independentemente do peso, os pacientes que faziam atividades físicas pelo menos uma vez por semana e não fumavam tinham um risco menor de morte.
Mas os pacientes obesos que não seguiam um estilo de vida muito saudável mostraram ter um risco mais baixo de morrer do que os pacientes com peso normal que fumavam ou eram sedentários.
'Paradoxo'
Mark Hamer, líder da pesquisa, afirmou que os cientistas ainda estão tentando explicar a razão de os cardíacos obesos terem apresentado estes resultados, mas ele já adianta que os pacientes obesos não eram mais saudáveis.
— Ainda não entendemos este paradoxo e evidentemente não vamos aconselhar os pacientes a engordar. Uma das explicações mais razoáveis pode ser que quando os pacientes obesos se apresentam para o médico recebem um tratamento mais agressivo, pois eles são vistos como pacientes com um risco (de saúde) maior. Por exemplo, não sabemos se, com a reabilitação cardíaca, o que verdadeiramente funciona é o exercício (que os médicos pedem para os obesos fazerem) - que reduz drasticamente o risco mesmo que você não perca peso.
Outro estudo dos mesmos pesquisadores mostrou que uma certa proporção de pacientes obesos tem uma saúde normal e não apresentam risco maior de doenças cardíacas.
— O IMC é um índice muito fraco (para mostrar) o que está acontecendo (com o paciente).
June Davison, enfermeira da organização British Heart Foundation, uma organização britânica sem fins lucrativos que financia campanhas de esclarecimento sobre doenças cardíacas, afirmou que parece 'contraditório' que um dos fatores de risco para doenças cardíacas possa melhorar as taxas de sobrevivência.
— A razão desta ligação ainda não está clara, mas é possível que aqueles com um IMC mais alto vão ao médico mais cedo e podem receber tratamentos mais agressivos. E também, este estudo mediu apenas o IMC. Quando analisamos os riscos de saúde, não é apenas o IMC que importa, mas o local onde a gordura é acumulada. Carregar excesso de gordura no meio (do corpo) pode produzir substâncias tóxicas que podem aumentar os riscos para a saúde.
Promotor vai pedir aumento da pena de Mizael Bispo
O promotor de Justiça Rodrigo Merli recorrerá, nesta terça-feira (19), da sentença do advogado Mizael Bispo, condenado na semana passada pelo assassinato da ex-namorada Mércia Nakashima. Merli solicitará o aumento da pena em um ano e a perda do cargo de policial militar reformado do acusado no Tribunal de Justiça de São Paulo.
As informações foram confirmadas pela assessoria de imprensa do Ministério Público de São Paulo na tarde desta segunda-feira (18). Após quatro dias de julgamento, Mizael Bispo foi condenado a 20 anos de prisão em regime fechado. Ele foi considerado culpado pelo crime de homicídio triplamente qualificado — motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Após o fim do julgamento, familiares da vítima afirmaram estar descontentes com a pena. Após sete anos de prisão, o condenado poderá pedir, na Justiça, transferência para o regime semiaberto.
Um dos advogados de Mizael, Samir Haddad, também já adiantou que iria entrar com recurso na Justiça para pedir redução da pena e a realização de um novo júri. As duas partes têm até esta terça-feira (19) para recorrer da sentença.
Homem sem pênis fará cirurgia para implantar o membro
Andrew Wardle será o primeiro homem do mundo a receber um pênis constituído a partir de seu antebraço
O segurança Andrew Wardle, de 39 anos, nasceu sem o pênis e com a bexiga para fora do corpo. Agora, ele passará por uma cirurgia para implantar o órgão genital e se tornará o primeiro homem do mundo a receber um pênis constituído a partir de seu antebraço. O procedimento será realizado por um grupo de cirurgiões da University College London.
De acordo com o jornal Daily Mail, os médicos vão retirar uma parte do antebraço de Wardle, com vasos sanguíneos e nervos, dobrá-la em formato de tubo e enxertar no local desejado. Após a recuperação do segurança, a equipe vai implantar uma bomba que permitirá que ele urine e tenha relações sexuais.
— Eu nunca pensei que este dia fosse chegar. Vou ter um pênis em pleno funcionamento e viver como um homem normal para ter relações sexuais e começar uma família.
Apesar da ausência do pênis, Wardle, que mora em Stalybridge, na Inglaterra, conta que fez sucesso com as mulheres e já dormiu com mais de 100.
— Alguns eram de uma noite, outras foram de longo prazo.
Apesar de parecer “bem resolvido”, Wardle passou por uma série de problemas ao longo da vida. Ele foi doado pela mãe e já passou por 15 cirurgias por causa dos problemas renais. Além disso, o segurança admite que já usou drogas, como ecstasy e LSD, e quase morreu por overdose de comprimidos.
Recuperado da má fase, ele planeja escrever um livro.
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