quinta-feira, 1 de agosto de 2013
olha a candida...
Papa começa limpeza de arcebispos suspeitos de corrupção
Banco do Vaticano abre pela primeira vez um site para dar transparência
Nem bem desembarcou em Roma depois de uma intensa visita ao Brasil, o papa Francisco começa a tomar decisões para limpar a Igreja no que se refere aos escandalos de corrupção. Nesta quarta-feira, 31, o Vaticano anunciou a renúncia de três bispos implicados em escândalos de corrupção. No mesmo dia, a Santa Sé colocou no ar um site do Instituto de Obras Religiosas, considerado como o Banco do Vaticano, e prometeu que vai, pela primeira vez, publicar as contas da instituição.
O papa, durante sua viagem ao Brasil, insistiu que uma das metas de suas reformas é o de garantir transparência nas contas da Igreja. As renúncias dos bispos seriam um alerta de que ele não vai poupar ninguém.
Nesta quarta-feira, o Vaticano indicou diplomaticamente que Francisco "aceitou a renúncia" dos arcebispos de Lubjana e Maribor, depois que um buraco de 800 milhões de euros foi encontrado nas contas da Igreja eslovena.
Na Eslovênia, as vítimas foram os arcebispos Anton Stres e Marjan Turnsek. O Vaticano apenas indicou que seguiu o parágrafo 2 do canon 401 do Código de Direito Canônico. Por essa regra, pede-se que um bispo renuncie "por doença ou causa grave".
O escândalo começou ainda em 2010, quando o Vaticano enviou um inspetor para entender porque motivo a Igreja do país pedia tantos empréstimos à Santa Sé. Descobriu-se que, por conta de operações financeiras de alto risco, a Igreja local havia perdido muito dinheiro e, para sobreviver, pediu dinheiro emprestado em bancos e até a rede de TVs. Ficou ainda claro que a imprudência já tinha começado em 2003. "Espero que o passo que dei foi correto para restituir a reputação da Igreja eslovena", disse Stres.
Outro que renunciou foi o arcebispo de Yaoundé, em Camarões, também por conta de um escândalo financeiro. Simon-Victor Tonyé Bakot chegou a ser o presidente da Conferência Episcopal de seu país, mas também era um ativo empreendedor imobiliário.
No mesmo dia, o Banco do Vaticano abriu seu novo site - www.ior.va - justamente com a meta de dar transparência a suas atividades. O banco é alvo de duras críticas e o papa já indicou que não sabe ainda se a instituição será mantida.
Em declarações à Rádio Vaticano, o presidente do Ior, Erns von Freyberg, garantiu que a meta é ser transparente e que, em 2013, pela primeira vez as contas da instituição serão conhecidas. "Vamos fornecer informações sobre as nossas reformas e o que fazemos no mundo e como podemos apoiar a Igreja e sua missão e obras de caridade", disse.
Fraternidade
A busca por uma reforma também está marcada pela escolha do papa, anunciada na última quarta, de que o Dia Mundial da Paz de 2014 terá a "fraternidade" como tema.
Para ele, a "globalização da indiferença" deve ser substituída pela "globalização da fraternidade". Propondo um "rosto mais humano ao mundo", ele voltou a pedir que se supere a "cultura do descartavel" e que se promova a "cultura do encontro".
Sua avaliação é que a fraternidade é o caminho para superar a pobreza, fome, subdesenvolvimento, conflitos, desigualdade, injustiça, crime organizado e fundamentalismos. Francisco ainda pede que não se tenha apenas uma ajuda assistencialista ao mais pobres.
Na quarta, o papa ainda participou da festa litúrgica de São Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. Jesuíta, o papa não deixou de participar do evento. Mas pediu que seus colegas jesuítas tomem "caminhos criativos" e que destinem seus trabalhos para as "periferias, as tantas periferias do mundo".
melhor comer em casa
Insatisfação: 100%
O momento é de insatisfação geral. O programa preferido do paulistano virou motivo de irritação: comer fora anda cada vez mais caro, as pessoas acabam saindo menos, procurando lugares mais baratos e controlando os gastos à mesa. Do outro lado do balcão, donos de restaurante reclamam das dificuldades em equilibrar as contas a manter a rentabilidade. A gritaria só aumenta.
Bife de chorizo, do Martín Fierro – R$ 61
Ingredientes: 33% (R$ 20,13)
Aluguel, salários, contas de água, luz e gás: 44% (R$ 26,84)
Impostos: 11% (R$ 6,71)
Taxa de cartões: 3% (R$ 1,83)
Lucro: 9% (R$ 5,49)
E, para contrariar aquele ditado que diz que em casa em que todo mundo grita ninguém tem razão, desta vez, todo mundo tem razão. Cada um tem as suas. Elas ficam evidentes quando se decompõe o que está embutido no preço de um prato que custa R$ 11,50 de ingrediente e chega ao cardápio por R$ 46, como o porco com missô, do Miya. Ou os motivos que fazem um risoto de ervilhas (o arroz é importado, o dólar está alto, tudo bem…) custar R$ 76, como o do Piselli.
A situação chegou ao limite – e vai ter de mudar. “Os restaurantes não podem ficar parados. Temos que nos mexer. E quem não se adaptar vai fechar.” O diagnóstico de Cristiano Melles, presidente da Associação Nacional de Restaurantes (ANR) e sócio do Pobre Juan, expõe o momento delicado por que passa o setor gastronômico no Brasil e, em especial, em São Paulo.
“As pessoas ainda estão comendo fora, mas com a mão no bolso”, diz Ingrid Devisate, analista da consultoria Gouvêa de Souza, que detectou em pesquisa recente que o gasto médio com restaurantes nos fins de semana diminuiu sensivelmente: de R$ 53,80 em 2010 para R$ 39.
“Essa crise não é passageira. O que significa que vamos ter que mudar o modelo de serviço com que o brasileiro se acostumou, automatizar a cozinha – enfim, buscar mais eficiência para não repassar preços no cardápio”, diz Cristiano. O empresário aposta num estilo de serviço mais parecido com o americano e o europeu. “A tendência é ter um número bem menor de pessoas no salão. Sem cumim, maître, etc.”
O chef do Piselli, o italiano Moreno Colosimo, atesta de experiência própria: “Trabalhei em casas com estrela Michelin na Europa que tinham um quarto das pessoas que têm aqui, tanto no salão quanto na cozinha”.
Entre os donos de restaurante, há pessimismo no ar. Segundo estudo da ANR, que tem 306 associados, donos de quase 5 mil estabelecimentos, as margens de lucro, que eram de 15% a 20 % há quatro anos, hoje estão mais próximas dos 10%.
O empresário Paulo Kress, do grupo Egeu, diz ter conseguido manter o faturamento de seus restaurantes. “As casas do Egeu são caras, mas não perdemos movimento, especialmente nas mais baratas como o General Prime Burguer”, garante. Mas conta que está buscando alternativas para atrair clientes, como ofertas de vinho e programa de fidelização de clientes em troca de descontos.
“O restaurante vai bem quando a economia está bem. Quando as pessoas têm menos dinheiro para gastar, deixam de ir”, afirma Joaquim Saraiva de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) de São Paulo, e dono da rede de pizzarias Livorno. “Está difícil segurar os preços. Muita gente está sacrificando a margem de lucro para se manter.”
Juscelino Pereira, também membro da diretoria da ANR e sócio do Piselli, Tre Bicchieri e Zena Caffé, reclama que os donos de restaurantes aparecem sempre como vilões da história. “Lá fora, casas como as nossas são mais caras. Se fôssemos repassar a inflação real, nosso cardápio seria mais caro”.
Além dos ingredientes, os principais custos embutidos no preço de um prato são mão de obra, aluguel e impostos. Mas entram no cálculo ainda taxas de reposição de material, segurança, contas de luz, água e gás. E quando o restaurante é de alta gastronomia, há ainda um custo intangível, do processo de preparo.
“Em vez de otimizar a gestão, os empreendedores querem garantir o lucro apenas fixando preços mais altos no cardápio”, diz Roberto Braga, autor livro Gestão na Gastronomia (Ed. Senac). Ele cita o desperdício como um dos principais problemas na gestão dos restaurantes.
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