domingo, 9 de junho de 2013

manchas brancas nas unhas,porque aparecem?




Nossas unhas são estruturas muito importantes para nosso organismo, elas funcionam como um apoio e proteção  contra o choque, e também guarda um grande quantidade de terminações nervosas ajudam a detectar situações de risco para as mãos como baixa ou alta temperatura e  pressão de um objeto ou com esforço.
Nossas unhas são reflexos da atenção que damos a nossa saúde. E por isso é normal que tenhamos tanta preocupação em mantê-las saudáveis, brilhantes e limpas! No  entanto, apesar do cuidado, muitas pessoas sofrem com o aparecimento inexplicável de manchas brancas em suas unhas, fato que causa desconforto não só, porque  alteram a sua aparência, mas pela crença de que as manchas possam ser um sinal de doença grave.
Existem dezenas de mitos sobre o aparecimento espontâneo de manchas brancas nas unhas: presentes que estão por vir, mentiras e pecados cometidos, falta de  nutrientes, comer maionese demais, falta de cálcio no organismo e por aí vai! A explicação científica é bem diferente. O termo médico que define esta condição é conhecida  LEUCONÍQUIA e o surgimento se dá como o resultado de “micro-quebradinhos” que acontecem na base da unha (matriz), que favorecem a formação de pequenas bolsas  de ar e então, surgem as manchas brancas.
Mas é importante saber que existem condições do nosso dia a dia que tornam as unhas mais frágeis e, portanto, mais suscetíveis ao aparecimento dessas manchas:  contato com água quente, o uso frequente de produtos químicos agressivos, como os de limpeza, o uso da unha como alavanca para abrir recipientes por exemplo,  esforço exagerado para cortar a unha.
As manchas brancas causadas por atrito e choque não requerem a ajuda de um dermatologista, pois, como a unha cresce e as manchas vão saindo devagar. É bem  verdade que muitos especialistas consideram a má alimentação como umas das causas, isso faz sentido pois a falta de nutrientes, especialmente aqueles envolvidos na  formação, crescimento e desenvolvimento das unhas tornam-se mais frágeis estas lamelas e assim torná-los suscetíveis à manchas brancas.

(credito ao site http://pobreta.com/)

uma nova opçao



WhatsApp se torna ferramenta de trabalho
Cada vez mais empresas usam aplicativo de mensagem rápida para conectar funcionários

Apesar de as operadoras de telefonia móvel dizerem que está longe o dia em que os brasileiros aposentarão a tradicional mensagem de texto (ou SMS), os serviços de mensagem instantânea vêm ganhando cada vez mais espaço. Basta olhar de relance os dedos velozes no metrô, nas salas de espera dos consultórios médicos ou até no trabalho. A ideia do bate-papo contínuo - permitido por simples aplicativos em smartphones -, definitivamente, pegou.

E não só entre amigos, ou entre pais e filhos. Além das Famílias Silvas, Soares ou Pereiras, muitos grupos com finalidade corporativa têm surgido no WhatsApp, um dos aplicativos mais populares no mundo e no Brasil. As que têm DNA digital, em particular, são as que tiram proveito do aplicativo.

A brasileira Easy Taxi, dona de um aplicativo que serve para pedir táxi, tem 28 grupos no WhatsApp. Há a turma dos diretores, do marketing, do pessoal de desenvolvimento de projetos... "Ele é indispensável para a gestão das minhas equipes, que estão espalhadas por dez países, em 20 cidades diferentes", diz o presidente da empresa, Tallis Gomes.

O executivo não vê o aplicativo como um substituto do e-mail ou do telefone, mas acredita que não há meio melhor para se comunicar rapidamente no celular. "Eu até vejo quando meu sócio leu ou não a mensagem." (O WhatsApp tem uma função que informa o horário da última visita ao programa. )

É uma questão de praticidade que tem mudado a dinâmica de algumas companhias. Em vez de mandar os 17 números do cartão de crédito para a secretária por e-mail, ou informá-los numa ligação, por exemplo, o CEO da produtora digital Safari, Daniel Santos, manda a foto do cartão de uma vez. Em outra situação, no lugar de esperar chegar à empresa para passar o briefing de determinado cliente à equipe, ele envia a foto do papel. A produtora tem cinco grupos no WhatsApp: diretores, planejamento estratégico, produção, criação e o batizado de "we" (nós, em inglês), onde os funcionários trocam piadas.

Hoje, 12 bilhões de mensagens são trocadas dentro dos grupos criados no WhatsApp, que tem mais de 200 milhões de usuários no mundo. A companhia que criou o aplicativo sabe de usos em grupo que vão desde atletas italianos que marcam o jogo de basquete pelo programa até policiais que investigam crimes. Mas a capacidade de permitir a formação de grupos em aplicações, no entanto, não é novidade. Vários serviços de e-mail, como os do Yahoo e do Google, oferecem essa possibilidade há anos. A diferença é que o WhatsApp e seus similares foram pensados completamente para smartphone. Outros exemplos de aplicativos que permitem a conversa com várias pessoas ao mesmo tempo são KakaoTalk e Kik Messenger.

A característica comum que contribui para o crescimento desses programas é a gratuidade ou o baixo preço. O WhatsApp cobra US$ 0,99 dos usuários de iPhone pelo download do aplicativo e vai começar a exigir o mesmo valor para assinatura anual de usuários de Android.

Esse fácil acesso faz praticamente certa a hipótese de um dono de smartphone ter esse tipo de aplicativo no aparelho. Para as empresas, é uma barreira a menos a vencer - principalmente para as pequenas e médias, que não têm condições de entregar a cada funcionário um smartphone. É também uma alternativa a ferramentas de comunicação em grupo fornecidas por grandes empresas de tecnologias, que exigem um orçamento mais robusto.

Renata Mendes, dona de uma clínica de aparelhos para surdez baseada em Belo Horizonte, optou pelo WhatsApp para conversar com as fonoaudiólogas que saem para trabalho de campo. Alguma dúvida surgida durante a visita a um médico, por exemplo, é esclarecida na mesma hora. Lá, há dois grupos, sendo um deles apenas com as sete mulheres da empresa, onde os assuntos ultrapassam o trabalho. "Agora mesmo estou recebendo várias mensagens", disse a executiva, após o expediente, durante conversa por telefone.

Disponível 24h. Para Carlos D’Andréa, professor do departamento de comunicação da UFMG e pesquisador de redes sociais, o WhatsApp é o "sintoma claro da era da hipersociabilidade". Isso porque ele agrega à função de SMS vários recursos de redes sociais ou de mensageiros antes restritos à desktops (como os emoticons e o aviso de que "a pessoa está digitando" do antigo MSN Messenger).

Um dos lados negativos, na avaliação dele, é a disponibilidade integral da pessoa. "É mais uma camada de demanda que você acrescenta ao simples fato de ter celular e já poder ser encontrado a qualquer momento." Soma-se a isso a necessidade de resposta imediata que esses aplicativos criam. Deixar para responder depois - seja para refletir melhor sobre o que vai digitar ou porque você está ocupado naquele momento - pode passar a impressão de estar ignorando o colega. O horário em que leu a mensagem (recurso também presente no Facebook Messenger) delata.

se um deles fosse meu filho,apanhava



Alunos pulam grade, fazem 'pancadão' dentro da PUC e tiram sono de Perdizes
Estudantes desafiam seguranças nas madrugadas de terças-feiras, invadem câmpus e promovem festa com droga e álcool

Os muros da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em Perdizes, zona oeste da capital, protegem um "pancadão" realizado todas as terças-feiras, das 23h às 5h. O barulho é tanto que vizinhos já têm ido dormir na casa de parentes e instalado janelas antirruído. Cansados de procurar a universidade e a polícia sem ver providências, moradores apelam agora ao Ministério Público do Estado (MPE).

Festas na PUC nas madrugadas não são novidade, mas, até o ano passado, segundo vizinhos, ficavam restritas às sextas-feiras. Desde o começo deste ano, migraram para dias de semana.

O pancadão é promovido com portões fechados - uma espécie de "festa privê". Para entrar, basta pular o portão ao lado da rampa de entrada, na Rua Monte Alegre. No fim, parte dos frequentadores volta para casa de táxi ou carona dos pais.

Aparentando estar de mãos atadas, os únicos dois seguranças da portaria - para um público de cerca de 100 pessoas na festa - limitam-se a manter os portões fechados. Eles até orientam os frequentadores, alunos ou não, a pular o portão. "Nossa ordem é não mexer com os alunos", disse um deles, no último dia 28, sem saber que falava com a reportagem.

A falta de autoridade faz com que os vigias virem alvo de zombaria. O Estado flagrou alunos caçoando de seguranças após a recusa de bebidas. "Não quer a cerveja porque já está doidão, né?", disse um rapaz, pouco antes de pular o portão. O vigia aparentou constrangimento.

Na balada. Dentro da festa, onde a cerveja custa R$ 2 e há consumo de drogas, ocorre uma disputa animada de cantores de rap. A PUC fica inteira iluminada, por causa do serviço de limpeza, enquanto a festa é feita na frente dos centros acadêmicos.

As caixas de som, instaladas no corredor entre dois prédios, fazem com que as vozes dos cantores e as batidas sejam ouvidas até do 12.º andar de prédios vizinhos. "Acordo às 6h e trabalho aqui em casa. O que acontece é que não durmo mais", disse uma das moradoras, redatora de livros, que vai para a casa da mãe, em outro bairro.

Neste ano, já foram 23 reclamações no 190. Na terça-feira, a reportagem viu uma viatura da PM chegar à PUC por volta da 0h30. Os policiais falaram com os vigias por 20 minutos. Depois, foram embora. "A pessoa que faz a queixa teria de vir aqui. Poderíamos encaminhar para a delegacia e fazer um boletim de ocorrência", disse um dos policiais.

Reações. Morador da Rua Ministro Godoy, atrás da PUC, um publicitário seguiu o grupo: pulou os muros e fez fotos e filmagens. "Queria que eles tivessem consciência do mal que causam aos outros. Queria pegar o microfone e dizer isso."

Outro morador registrou um boletim de ocorrência no 23.º Distrito Policial. Uma vizinha, grávida de 7 meses que passa a noite em claro, procurou a Prefeitura e fez denúncia ao Programa de Silêncio Urbano (PSIU).

O advogado Daniel Amorim Assumpção Neves coletou cem assinaturas - e dezenas de depoimentos - para encaminhar ao MPE. "São vítimas da poluição sonora centenas de moradores. Mas isso não torna as vítimas identificadas ou mesmo identificáveis, considerando que qualquer pessoa que passe a residir nessa área também será vítima da poluição sonora", disse Neves.

sera?



'Alckmin politiza a questão da segurança', diz Cardozo
Ministro da Justiça diz que tucano joga responsabilidade para governo federal em vez de dialogar

Depois de passar uma semana às voltas com invasões de índios em Mato Grosso do Sul, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mexeu em outro vespeiro. Cansado de ser responsabilizado pelo aumento da violência em São Paulo, Cardozo disse que o governador Geraldo Alckmin está "politizando" a segurança pública, de olho na eleição do ano que vem

veja a entrevista que ele deu ao Jornal ESTADÃO

"Infelizmente eu acho que é isso, que ele está politizando", afirmou o ministro ao Estado. Ao garantir que o programa federal de policiamento das fronteiras tem apresentado resultados positivos, Cardozo apontou o dedo para Alckmin e falou em "hipocrisia" na política. "Vamos deixar a disputa para o palanque", reagiu. "Querer atribuir a subida da violência a algo que está melhorando é querer se isentar de um problema sobre o qual poderíamos pensar em conjunto, sem politizar nem jogar a responsabilidade para o outro."

Com discurso de candidato, o ministro do PT negou que pretenda enfrentar o tucano Alckmin nas urnas, em 2014, mas foi enfático ao dizer que a população de São Paulo precisa de pessoas "à altura" de seus desafios. "Já passou o tempo do quanto pior, melhor", resumiu. Para Cardozo, só com "varinha de condão" seria possível resolver todos os problemas do ministério. "No dia em que problemas acontecem em todas as áreas dá vontade de comprar o estoque inteiro de Maracugina da farmácia".

O sr. foi censurado pela presidente Dilma depois da morte de um índio terena por ter permitido o cumprimento da ordem judicial de reintegração de posse de uma fazenda sem que houvesse aparato policial para isso?
Em nenhum momento a presidenta me censurou ou censuraria o cumprimento de uma ordem judicial. O que ela determinou foi que eu verificasse se houve algum tipo de abuso no cumprimento dessa ordem. Naquele caso houve uma morte e, obviamente, é dever nosso investigar e verificar se algum agente público envolvido foi além do que devia no exercício da função.

Qual a solução para esses conflitos? O governo poderá compensar índios com outras terras e indenizar fazendeiros?
Tem gente que fala em permuta de terras, coisa que não é aceita por povos indígenas. Há os que sugerem indenização, mas isso esbarra na Constituição e existe também proposta para criação de um título da dívida indígena. Por mais que o governo queira resolver o problema, se não envolvermos o Judiciário, o MP e, em certa medida, o Legislativo, não sairemos dessa situação. Nossa ideia é criar um fórum de negociação sobre a questão do Mato Grosso do Sul. Não considero aqui a hipótese de que pessoas estejam de má-fé. Se essa negociação prosperar, pode servir de modelo para todo o País.

O governo pode suspender todas as demarcações feitas até agora?
Esse é um pleito feito com muita frequência. O Ministério da Justiça tem o dever constitucional de demarcar e, portanto, o que podemos fazer é melhorar o processo de demarcação.

A Funai age com viés ideológico, incentivando a onda de invasões?
 A Funai tem papel importantíssimo na política indígena e na demarcação das terras. Mas, mesmo quando está certa, os atingidos nos seus direitos acham que é suspeita. Se o Ministério da Justiça conseguir fazer o papel de mediação de conflitos, ouvindo todos os lados, construiremos um processo que será visto com mais isenção.

A Polícia Federal também investiga a responsabilidade sobre boatos que provocaram corrida às agências da Caixa para sacar benefícios do Bolsa Família. O sr. disse que a ação foi orquestrada. Por quem?
O que eu disse é que não poderia descartar a hipótese de ação orquestrada, o que é muito diferente. Seria incorreto e leviano atribuir agora responsabilidades. O fato de ter ocorrido o saque em momento específico em vários Estados - no Rio, por exemplo, apenas na Baixada Fluminense - não nos permite afastar a hipótese de que alguém, propositadamente, tenha disseminado o boato. Uma das linhas de investigação, sobre a qual só falo porque veio a público, é a do telemarketing. É uma investigação altamente complexa.

No ano passado, o sr. afirmou que, se fosse para cumprir pena em um presídio brasileiro, preferiria morrer. Está fazendo um mea-culpa por não ter conseguido resolver os problemas até agora?
Eu disse que as condições de grande parte dos presídios brasileiros são inaceitáveis. Quase todos são estaduais; só há quatro federais. Os presídios federais têm um padrão de respeito a direitos que ninguém questiona. Estamos investindo R$ 1,1 bilhão para os Estados poderem fazer unidades prisionais e atacar a superlotação. Tivesse eu uma varinha de condão para resolver todos os problemas que passam por esse ministério, seguramente eu poderia ser equiparado a uma divindade. Há uma hipocrisia tão grande na vida pública que, quando um governante coloca luz sobre o problema, as pessoas se espantam e acham que é um mea-culpa.

O governador Geraldo Alckmin disse que a violência em São Paulo é agravada pela falta de controle do governo federal sobre as fronteiras. Como resolver isso?
É da tradição política as pessoas tentarem se isentar de responder certas questões, colocando a culpa em outros. Eu não farei isso. Vamos deixar a disputa eleitoral para o palanque. Em junho de 2011, lançamos o Plano Estratégico de Fronteiras e temos obtido resultados muito positivos. Querer atribuir a subida da violência em São Paulo a algo que está melhorando é querer se isentar de um problema sobre o qual poderíamos pensar em conjunto, sem politizar nem jogar responsabilidade para o outro.

Então o sr. acha que o governador está politizando a questão da segurança?
Infelizmente eu acho que é isso, que ele está politizando, porque se o programa de fronteiras tem números melhores do que tinha anteriormente e São Paulo tem números de violência piores do que tinha antes, eu não posso estabelecer um nexo de causa e efeito. Muitas vezes, a cabeça de organizações criminosas que fazem o tráfico não está no local onde se planta a coca; está no grande centro onde é o consumo. Então, para combater o tráfico temos de combater a ação criminosa em todos os seus aspectos. Se ela está em presídios, tenho de ter coragem para enfrentá-la nos presídios. Segurança pública exige coragem política. Se eu tenho um grande centro de consumo, tenho de fiscalizar bem essa fronteira, além da fronteira nacional, para evitar que a droga chegue ou que o dinheiro saia.

Existe um jogo de empurra sobre falta de segurança. De quem é, afinal, a responsabilidade?
A responsabilidade é do Estado brasileiro. Acho que todos nós temos de estar juntos e parar com essa mania de querer empurrar a coisa com a barriga, culpando uns aos outros. Isso chega a ser pueril. Em momentos de crise, precisamos deixar de lado nossas divergências políticas e buscar convergências. Duvido que a população aceite esse jogo de empurra.

As críticas do governador ao programa federal seriam uma vacina para ele se proteger na campanha da reeleição, já que, segundo pesquisas, sua popularidade começou a cair?
Se eu respondesse a essa pergunta e desse as minhas impressões estaria seguindo o caminho inverso do que estou querendo. Quero resolver o problema de São Paulo e não dizer, eleitoralmente, que o culpado é esse ou aquele. A população de São Paulo precisa de pessoas que estejam à altura de seus desafios, para enfrentá-los em conjunto. Nós não podemos ter vergonha ou medo de pedir auxílio quando temos um problema. Pouco me interessa aí o resultado eleitoral. Já passou o tempo do "quanto pior, melhor".

E o que fazer, então?
Vou dar um exemplo: Alagoas está dentro do Brasil e também se submete ao mesmo programa de fronteiras. É o Estado mais violento do Brasil. O governador de Alagoas, Teotônio Vilela, que é do PSDB, pediu apoio e, em um ano de programa de fronteiras, o Estado reduziu em 15% os homicídios. Santa Catarina também estava com um problema gravíssimo com uma organização criminosa. O governador Raimundo Colombo (PSD) veio até nós e propusemos uma parceria. Qual foi o resultado? Em um único dia transferimos 60 presos. Ao mesmo tempo, fizemos um cercamento das fronteiras do Estado de comum acordo e uma ação nos presídios. Aquela situação calamitosa se resolveu. Será que não é possível a gente pensar um pouco maior nessas coisas? Eu acho que é possível.

A redução da maioridade penal melhoraria o problema?
A redução da maioridade penal é inconstitucional porque fere cláusula pétrea. A Constituição diz que a maioridade penal é conseguida aos 18 anos. Isso, portanto, gera um direito individual indiscutível a todas as pessoas que não têm 18 anos de não serem imputadas pela prática de delitos penais. Temos de focar a discussão nos marcos do Estado de Direito. A partir daí podemos discutir, por exemplo, as condições e o tempo de internação, associados a políticas de ressocialização do menor transgressor.


Ministro, o sr. quer concorrer ao governo de São Paulo?
Não. Eu não sou candidato. Não tenho projeto pessoal de disputar eleição e falo isso com muita sinceridade. Só se houvesse uma Assembleia Constituinte exclusiva para votar a reforma política eu me candidataria a uma vaga (risos). O PT tem ótimos nomes, como o dos ministros Aloizio Mercadante (Educação), Marta Suplicy (Cultura), Alexandre Padilha (Saúde), Guido Mantega (Fazenda)...

No PT é comum o comentário de que o ex-presidente Lula veta seu nome porque não perdoa sua atuação na sindicância de 1997 que culpou Roberto Teixeira, compadre dele, por tráfico de influência em prefeituras petistas. Ele também não teria gostado da ação da PF, que investiga Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo.
Minha relação com o presidente Lula é excelente. Em nenhum momento recebi qualquer consideração, mesmo levemente crítica, da parte dele em relação ao comportamento da Polícia Federal no caso Rosemary Noronha. Ele sempre foi um grande incentivador da atuação independente e republicana da PF. Em relação a situações passadas, foram totalmente superadas.

Embora o sr. diga que não vai disputar a eleição, o seu discurso sobre segurança pública é de candidato. Segurança pode ser o mote da campanha do PT em São Paulo?
Se meu discurso fosse de candidato eu estaria nesse momento de dedo em riste contra o governador Alckmin, apontando falhas da segurança e tentando colocar culpas nele, o que eu não estou fazendo.

Não?
Não. O discurso de candidato é o daquele que tenta empurrar para outro a responsabilidade que lhe incumbe.

Há muito problema na articulação do governo Dilma e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), falou até em "vexame". O preço para manter a aliança com o rebelde PMDB não é alto demais?
Quando há uma relação de parceria, e não de submissão, é normal que existam tensões. A parceria com o PMDB é indestrutível e tem dado bons frutos. Não creio que situações episódicas possam afastar essas forças.

Não são nada episódicas ...
Eu fui secretário de Governo da então prefeita Luiza Erundina e competia a mim fazer a articulação política. O tempo inteiro se dizia que a culpa pelas tensões era minha. Eu ficava pensando: "Será que eles têm razão?" A partir daí comecei a observar todos os governos e não conheço um em que não se diga que a articulação política não é culpada por alguma coisa.

O sr. disse que a parceria com o PMDB é indestrutível, mas com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), parece bem frágil...
É absolutamente legítimo que o governador queira seguir o caminho que acha que deve. Evidentemente, esse é um processo político. Gostaria que ele estivesse conosco, apoiando a candidatura Dilma Rousseff, mas não tenho motivo para recriminá-lo.

O senador Aécio Neves, provável candidato do PSDB à Presidência, adotou como mote o combate à inflação. Como sair da armadilha do "Pibinho" com preços e juros em alta?
Sou advogado e, quando você pega uma causa difícil, sempre se pergunta como a outra parte vai fazer para sair dessa. Hoje eu fico pensando como a oposição faz para atacar uma presidenta com a popularidade que Dilma tem. Não deve ser fácil encontrar discurso. Situação difícil essa do senador Aécio...

Mas pesquisas indicam que a economia é um assunto que pode pegar...
Vivemos uma situação de crise mundial. É evidente que, se não houvesse essa crise, estaríamos com outro desempenho. Mas a política do governo está ajustada, vivemos com pleno emprego. Ter pequenas turbulências num cenário mundial como esse é natural.

O novo ministro do Supremo Luís Roberto Barroso afirmou que o julgamento do mensalão foi um "ponto fora da curva" e que a Corte endureceu. O sr. concorda com essa avaliação?
Eu não posso falar sobre isso. O ministro da Justiça não pode emitir opiniões sobre decisões tomadas por outro poder. No dia em que eu sair daqui pode ter certeza que falarei tudo o que penso sobre o julgamento do mensalão, sobre todos os as aspectos jurídicos que eu teria vontade de comentar.

O mensalão ainda pode causar impacto na campanha da presidente Dilma, se a sentença de prisão for cumprida em 2014?
Não creio. Francamente, eu acho que esse debate se exauriu quando da sentença condenatória do Supremo. Prolongar essa discussão para impingir desgaste à presidenta Dilma é algo completamente fora de propósito.

O sr. é favorável à proposta de emenda constitucional 37, que limita o poder de investigação do Ministério Público?
O pano de fundo dessa PEC é uma disputa que considero nociva ao interesse público. O Ministério Público e a polícia têm um papel muito importante para o País e, portanto, há espaço para conviverem em harmonia no combate à criminalidade. Acho que é possível reservar um espaço de investigação em certas matérias para o MP e a competência ordinária comum de investigação para a polícia. Muitas vezes há críticas ao MP pelo fato de sua investigação ser feita sem limite e sem regras. Embora eu atribua ao MP muitas das transformações positivas que o Brasil teve no combate à improbidade, nos últimos anos, é claro que existem pessoas que incorrem em abuso de poder. São exceções, mas existem. Lembro da velha frase de Montesquieu (o filósofo francês Charles Montesquieu): "Todo homem que tem o poder tende a dele abusar". O MP, portanto, tem de ter um regramento limitador da sua atuação quando investiga, até para o bem da instituição.

Então o sr. acha que o MP deve pedir autorização à PF para investigar?
Não. Sou favorável a uma definição de campos de investigação. Eu, pessoalmente, defendo que o MP investigue corrupção, por exemplo. Temos uma comissão coordenada pelo secretário de Reforma Judiciária, Flávio Caetano, que tentará chegar a um acordo até o próximo dia 26. Votar essa PEC da forma que está é o pior dos mundos e só contribui para o acirramento da disputa entre as duas instituições.

Há procuradores dizendo que a tentativa de enfraquecer o MP seria uma represália às investigações contra réus petistas do mensalão e questões envolvendo o governo. Como o sr. responde?
Isso é fantasioso. Todo mundo sabe que a origem dessa PEC é uma disputa corporativa envolvendo delegados de polícia e MP.

Mais de um ano se passou e a Comissão da Verdade ainda não apresentou resultados sobre os crimes da ditadura. O sr. acha plausível a revisão da Lei da Anistia para responsabilizar agentes de Estado que cometeram crimes?
O governo não apresentará nenhuma proposta de revisão da Lei de Anistia. A Comissão da Verdade tem total autonomia para investigar e está fazendo um trabalho excelente.

O sr. lida com assuntos que vão de índios a segurança, passando por direito do consumidor e Polícia Federal. Para ser ministro da Justiça é preciso tomar Maracugina?
Acho que não só tomar Maracugina como jarras de calmante. Esse ministério é um aprendizado no qual a gente convive permanentemente num clima de tensão profunda. No dia em que problemas acontecem em todas as áreas dá vontade de comprar o estoque inteiro de Maracugina da farmácia. É um trabalho exaustivo, mas recompensador quando você percebe que alguma atividade sua deu certo. Talvez isso nem sempre seja visível aos olhos da população.

Camping a ceu aberto



Moradores de rua fazem ‘camping’ em SP
Com mudança de prefeito, Guarda Civil deixou de recolher à força objetos dos sem-teto, o que acabou incentivando o uso de barracas

Barracas de camping estão associadas a momentos de lazer e aventura, geralmente vivenciados fora dos centros urbanos. Em São Paulo, porém, moradores de rua passaram a adotar o recurso como forma de moradia. A estratégia, usada especialmente contra o frio e a chuva, pode ser facilmente observada nas ruas do centro, onde calçadas, canteiros e praças são tomadas pelas barracas durante a noite.

Com a mudança de gestão, e sob as ordens do promotor de Justiça Roberto Porto, a Guarda Civil Metropolitana deixou de recolher à força objetos usados pela população de rua, como colchões e cobertores - pelo menos na região central. A nova postura incentivou parte dos moradores a comprar ou trocar barracas entre si, apesar de a prática ser proibida pela Lei de Uso e Ocupação do Solo. Outros ganharam de associações que trabalham no centro. A Prefeitura ressalta, no entanto, que a montagem não está liberada.

Com a fiscalização afrouxada, três barracas surgiram na Praça do Patriarca, a poucos metros do gabinete do prefeito Fernando Haddad (PT). "É para não passar frio", diz Vanderlei Marfil, de 42 anos. O ex-vigilante tem uma barraca azul modelo Nautika Panda 3. Foi comprada por R$ 92. A nota fiscal é guardada com cuidado para "mostrar para os homem", em referência a policiais militares.

A barraca azul de Marfil foi comprada há duas semanas. Antes, ele tinha uma pequena barraca laranja, que foi repassada por R$ 15 a Otílio Pires, de 52 anos, um colega da rua. "Consegui o dinheiro desentupindo ralo fedorento dos bares aqui do centro", conta Pires, que já trabalhou como agente funerário e fiscal de ônibus. Os dois são vizinhos. Montaram suas barracas lado a lado embaixo do "chapéu da Marta", como chamam a marquise construída na praça em 2002 pela então prefeita Marta Suplicy (PT).

Moda. Assim como Marfil e Pires, centenas de moradores de rua aderiram às barracas. Há modelos espalhados pelas Ruas Vergueiro, Direita, Quintino Bocaiuva, Pátio do Colégio e Avenidas São João, 23 de Maio e Sumaré. Alguns moradores viraram vendedores de barraca e propagaram a moda.

É o caso de Ricardo do Espírito Santo, de 28 anos, que vive entre as estações de metrô Vila Mariana e Ana Rosa, na zona sul. Em 2011, ele trabalhou como ajudante-geral na Campus Party, feira de tecnologia e, no fim do evento, ganhou 20 modelos. "O pessoal não sabia o que fazer com tanta barraca", diz, mencionando as moradias provisórias utilizadas para abrigar os participantes. "Fiquei com uma e vendi o resto por R$ 50. Fui eu quem espalhou o costume pelo centro", afirma (leia mais nesta página).

De lá para cá, porém, muitos perderam a barraca em ações da Polícia Militar e da Guarda Civil. Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, ressalta que a repressão policial diminuiu, mas não acabou.

"É por isso que são necessárias outras respostas, outras políticas, como o prometido aluguel social. Não adianta criar vaga em albergue. São 16 mil pessoas nas ruas. Não dá para colocar todo mundo em albergue. Isso é simplista demais."

O advogado Martim de Almeida Sampaio, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, diz que, apesar de o espaço ser público, a Prefeitura não pode tirar do cidadão o direito de buscar proteção, seja contra a chuva, o frio ou mesmo a violência. "É direito fundamental, de preservação à vida. Não dá para combatê-lo sem oferecer nada em troca."

nem tudo sao flores



Pesquisa aponta queda de 8 pontos na aprovação de Dilma
Porcentual de brasileiros que avaliam seu governo como ótimo e bom passou de 65% no mês de março para 57% neste mês segundo Datafolha

Pela primeira vez, desde o início de seu mandato, há dois anos, caiu a popularidade da presidente Dilma Rousseff. O porcentual de brasileiros que avaliam seu governo como ótimo e bom passou de 65% no mês de março para 57% neste mês, segundo pesquisa realizada na quinta e sexta-feira pelo Datafolha.

O mesmo instituto também verificou que, apesar da queda da popularidade, Dilma continua aparecendo como favorita entre os prováveis candidatos à Presidência da República na eleição de 2014. Numa disputa ao lado de Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), a presidente teria 51% dos votos. Embora esse número represente uma queda de 7 pontos em relação à pesquisa anterior, em março, já seria suficiente para Dilma liquidar a eleição no primeiro turno.

A série histórica de pesquisas do Datafolha sobre a popularidade de Dilma mostra que ela havia oscilado dois pontos para baixo em agosto do ano passado. Mas, como a margem de erro utilizada pelo instituto é de dois pontos para mais ou para menos, ela não foi considerada. Agora, porém, a variação de oito pontos é significativa.

Economia. De acordo com a pesquisa divulgada neste sábado, 8, a piora na imagem de Dilma está relacionada à questão econômica. A população está mais pessimista em relação ao quadro econômico do País. A preocupação com a inflação e o desemprego também é maior agora do que em levantamentos anteriores. Para 51% dos entrevistados, a inflação vai aumentar. Em março o índice era de 45%.

A perda da popularidade da presidente foi mais forte entre brasileiros que ganham mais de dez salários mínimos. Nesse grupo a queda foi de 24 pontos, segundo a pesquisa, que ouviu 3.758 pessoas em 180 municípios. Na divisão geográfica dos pesquisados, Dilma perdeu mais pontos na Região Sul: foram 13 pontos.

Empatados. Na pesquisa sobre a eleição presidencial, que mostrou Dilma com 51% das intenções de voto, o segundo lugar ficou com Marina Silva, com 16%.

É o mesmo porcentual que havia sido conferido à ex-senadora em março. Ela está tecnicamente empatada com Aécio Neves, que foi o único dos prováveis candidatos que cresceu em relação ao levantamento anterior: passou de 10% para 14%.

Uma vez que a margem de erro da pesquisa é de dois pontos, o Datafolha considera os dois candidatos tecnicamente empatados.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, apareceu em quarto lugar na pesquisa, com 6% das intenções das intenções de voto - o mesmo índice que havia obtido na pesquisa anterior.

Na Região Nordeste, onde a presidente teve seu melhor desempenho, de acordo com a pesquisa, as intenções de voto nela chegaram a 59%.

Na avaliação do Datafolha, o crescimento de Aécio foi impulsionado pelas recentes propagandas de seu partido, o PSDB, na TV e no rádio. Nessas aparições, o ex-governador de Minas deu ênfase à questão da inflação.


mesmo com tantos acidentes...



Chefe da Ferrari garante Felipe Massa em 2014
Dirigente diz que está tranquilo com relação aos seus pilotos para a temporada do próximo ano

A notícia é muito boa para o Brasil. E vem de quem decide na Ferrari, seu diretor geral, Stefano Domenicali: "Se Felipe continuar correndo como tem feito não vejo nenhum problema para o futuro. Estou tranquilo quanto a nossos pilotos para 2014". Os três acidentes sofridos por Felipe Massa recentemente não têm representatividade perto dos importantes pontos conquistados para a equipe desde a metade da temporada passada.

Nessa entrevista exclusiva ao Estado, realizada em Montreal, onde hoje será disputado o GP do Canadá, além de quase garantir a permanência de Massa na Ferrari, 16.º no grid, o dirigente italiano diz ainda que os responsáveis pelos direitos comerciais da Fórmula 1, representados por Bernie Ecclestone, têm uma missão urgente pela frente: "Aproximar a Fórmula 1 dos jovens, hoje pouco interessados pelo evento".

A corrida aqui no circuito Gilles Villeneuve terá no mínimo dois pit stops. Prefere essa Fórmula 1 de resultados menos previsíveis e com pneus de elevada degradação, este ano um tanto criticada, ou o modelo anterior, com os pilotos podendo exigir tudo do carro e dos pneus o tempo todo?

Stefano Domenicali - Temos agora um fornecedor de pneus (Pirelli) que concordou em produzir pneus que gerem corridas com vários pit stops. Cabe a nós, equipes, responder da melhor forma possível a esse desafio, sem criticar a decisão (de Bernie Ecclestone, promotor do Mundial) toda hora. Corremos o risco de destruir um brinquedo extraordinário, a Fórmula 1. É um novo formato como tantos distintos que já tivemos. Reabastecimento, corridas sem pit stops, disputa entre dois fabricantes de pneus, dentre outros. Alguns aqui dentro da Fórmula 1 condenam o atual formato por desejar transformar o número de pit stops em algo da sua conveniência. Por outro lado, com várias paradas, precisamos encontrar formas de explicar o que está acontecendo na corrida para os fãs, pois sua compreensão nem sempre é fácil. O telespectador vê um piloto numa classificação que na realidade não é aquela, por causa da ordem dos pit stops. Nós, atores, não podemos ficar criticando a Fórmula 1 sempre, como agora. Os fãs se cansam. Temos, sim, é de passar uma mensagem positiva.

Qual modelo você acredita que a torcida prefere, as corridas com muitos pit stops ou com poucos?

Creio que há quem goste de um formato e quem deseja o outro. Depende muito de como as corridas se desenvolvem. No modelo de hoje, o que vemos num domingo pode ser bem diferente do que assistimos no seguinte. O que disseram a respeito desse e daquele hoje na segunda-feira seguinte é revisto por completo. Com mais pit stops as provas são mais emocionantes, mas como disse é importante que o seu desenvolvimento seja bem explicado para o torcedor, pois é fácil se perder. O que posso dizer do ponto de vista de uma equipe é que trabalhamos muito mais com o atual formato, temos de estar atentos a bem mais parâmetros.

A Pirelli deseja ou necessita mudar os pneus traseiros atuais para evitar problemas como tiveram Massa, Hamilton e Resta, a delaminação, ocorrida em ocasiões especiais. Mas não consegue por precisar de que todos os representantes das equipes concordem.

Em nenhum momento a Pirelli citou a palavra segurança para justificar a mudança. O que não podemos é projetar um carro para as características dos pneus que nos foram repassadas pelo fornecedor de pneu e, de repente, essas características serem alteradas. Houve quem trabalhou melhor para explorar esses pneus e quem está compreendendo durante o campeonato como fazê-los funcionar melhor. Agora, mudar o pneu durante a temporada no meu ponto de vista está errado.

Como está vendo todo esse desgaste para a Fórmula 1 com o teste da Mercedes para a Pirelli com o carro atual?

Os testes são proibidos pelo regulamento. Nós realizamos um teste mas com o carro velho, de 2011, o que não é ilegal. A FIA solicitou os dados do nosso teste e depois de analisá-los não nos culpou por nada. Temos, agora, um processo em curso (contra a Mercedes) e o Tribunal Internacional vai julgar. Não tenho mais comentários a esse respeito.

Estamos nos aproximando da metade do campeonato e diante da mudança radical no regulamento em 2014 será importante definir os pilotos o mais breve possível. Você já está pensando nisso?

(Risos). Essa é uma das soluções mais fáceis a serem tomadas quanto à próxima temporada. Complexo é o desafio técnico que enfrentamos com tantas mudanças e sem poder realizar testes. Vamos chegar no início do próximo ano com várias incógnitas e com apenas três testes antes do início do campeonato não temos garantia de entender tudo. Esse é um tema para profundas reflexões. Sobre os pilotos, todos sabem que Fernando (Alonso) tem um contrato de longo prazo e Felipe, apesar de tudo que disseram, continua conosco. Se Felipe continuar correndo como tem feito não vejo nenhum problema para o futuro. Estou absolutamente tranquilo quanto a nossos pilotos para 2014.

Felipe Massa deve, então, continuar na Ferrari?

Absolutamente sim.

Uma curiosidade: a FIAT, proprietária da Ferrari, é a líder do importante mercado brasileiro de veículos há sete anos e até o fim de 2013 produzirá cerca de um milhão de veículos. Esse fato tem algum peso na hora de a Ferrari definir o companheiro de Alonso?

Zero, zero, zero.

Vê algum grande talento aparecendo no cenário internacional?

Sinceramente não. Volto ao discurso da proibição dos testes. Os pilotos não se formam no simulador, mas na pista. Está nascendo esse projeto da FIA de criar um plano de ascensão na formação dos pilotos, com a Fórmula 4, Fórmula 3... para lhes dar a possibilidade de ir crescendo. Mas é importante que se dê a esse jovem a chance de pilotar carros da Fórmula 1. Hoje o regulamento autoriza três dias de testes para jovens pilotos por ano.Vamos falar claro, isso significa nada. E como é proibido também para as equipes treinarem durante o ano, elas aproveitam esses testes com os jovens pilotos para realizar as experiências técnicas que necessitam nos carros. E quanto a esse teste também, vale lembrar que alguns times veem nele a possibilidade de ganhar dinheiro, eles precisam. Em resumo, não é com esses três dias de testes que vamos descobrir jovens pilotos de talento. Precisamos rever a estrutura da sua formação. Há hoje grandes pilotos na Fórmula 1, mas nas categorias de baixo não vejo os pilotos extraordinários que apareciam antes.

O desafio técnico enfrentado pelas equipes na concepção dos modelos de 2014, com motor turbo e dois sofisticados sistemas de recuperação de energia, capazes de disponibilizar 180 cavalos de potência, será, da mesma forma, extendido para os pilotos. Eles precisarão submeter-se a longo treinamento antes de sentar no carro e depois estudar como utilizar todos os recursos durante as corridas.

Será muito importante o trabalho no simulador, entender e se habituar com todos os parâmetros. Nossos técnicos a cada dia descobrem elementos novos com repercussão no desempenho do carro. E quando pudermos nos dedicar menos ao carro atual para nos concentrarmos no de 2014 com certeza novas descobertas virão à tona. Será preciso reunir tudo isso, explicar em detalhes aos pilotos e treiná-los. Insisto: sem testes de pista. Realizar esse complexo trabalho e ainda nos preocuparmos com o carro deste ano não é fácil e não temos, também, recursos ilimitados.

Que tipo de piloto deverá ser o que melhor vai interpretar a nova realidade da Fórmula 1, em 2014, bem distinta da atual?

Não sei definir com precisão o perfil desse piloto. O que já foi possível compreender é que não poderá tentar tirar tudo do carro o tempo todo. Vai ter de saber administrar o desgaste dos pneus, como este ano, e muitos outros parâmetros, como o consumo de combustível. Teremos 100 kilos para a corrida, o que representa cerca de 30 a 35 % a menos deste ano. É uma diferença grande. O piloto não poderá pensar apenas em acelerar. O desafio da pilotagem vai ser bem mais complexo que hoje.

Há um consenso de que a Fórmula 1 perdeu público, e a idade média de quem se interessa pelo evento é relativamente alta. O que fazer para reverter essa tendência?

Aproximar a Fórmula 1 dos jovens, hoje pouco interessados pelo evento. Diria muito jovem. Hoje há tantas áreas que os prende atenção, houve uma dispersão de interesse. Temos de mostrar a essa gente o que fazemos, o que é a Fórmula 1, tudo com a ajuda da mídia.

A internet não seria a melhor forma de atingir esse público jovem?

Concordo plenamente. A Fórmula 1 precisa dar um grande salto nessa área de comunicação e também na comercial. Quem administra os direitos comerciais deve recorrer a essa tecnologia e as que virão e nós como atores ajudarmos para que seja adotada o mais breve possível. O que primeiro me preocupa, nesse sentido, como responsável pela Ferrari, é a necessidade de passarmos essa noção de paixão que a Fórmula 1 gera. A Fórmula 1 chegou onde chegou porque Ecclestone teve visão para conduzi-la num determinado mundo, cheio de direções também. Daqui para a frente será necessário fazer a mesma coisa, mas tendo em mente que o mundo hoje é diferente daquele.

Não há dúvida de que a liderança forte do senhor Ecclestone foi e é muito importante para a Fórmula 1. Mas, aos 82 anos, um dia terá de se deixar suas atividades. Como pensa que será a Fórmula 1 pós era Ecclestone?

O novo modelo de gestão terá um chefe também, mas atrás de si haverá um grupo estruturado com responsáveis pelas várias áreas que compõem o nosso evento, organização, mídia, relação com os sócios. As decisões serão colegiadas, representarão o resultado de discussões dentro desse grupo.