sábado, 1 de junho de 2013

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Em outubro, Dilma deve ser recebida com tapete vermelho nos EUA
Visita do vice-presidente americano durante a semana expôs disposição do país em avançar na agenda bilateral e momento político já é visto como uma nova fase entre as duas nações



A recém-confirmada visita de Estado da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos servirá para expor a importância internacional do país e marcará uma nova fase no relacionamento bilateral. Esta é a avaliação do chanceler brasileiro Antonio Patriota, que conversou com a imprensa durante a visita do vice-presidente norte-americano, Joe Biden, ao País.

Na diplomacia, uma visita de Estado tem força simbólica. O tratamento especial característicos destes tipos de missão diplomática é oferecido pelos americanos apenas uma vez por ano aos sócios mais estratégicos de Washington. Assim, o convite feito à presidente Dilma sinaliza a afinidade e o desejo dos EUA em estreitar relações com o vizinho sul-americano.


Na visita, confirmada para 23 de outubro deste ano, Dilma será recebida com tapete vermelho, irá a um baile de gala na Casa Branca e fará um discurso no congresso americano. Um privilégio para poucos, que na história recente brasileira aconteceu pela última vez em 1995, com Fernando Henrique Cardoso. O presidente Lula, que desagradou os americanos ao se aproximar do Irã de Ahmadinejad e da Venezuela chavista, não foi convidado para realizar uma visita de Estado.

Para Patriota, a visita servirá para aprofundar a parceria estratégica entre os países.

— A visita de Dilma aos Estados Unidos permitirá fazer uma avaliação do estágio do relacionamento e aprofundar a parceria em áreas estratégicas para os países, que incluem comércio, investimento e defesa, que tem permitido novas áreas de cooperação.

O chanceler brasileiros explicou ainda quais serão os temas que serão trabalhados já na preparação para a visita da presidente Dilma.

— Todo esse capítulo de alta tecnologia, inovação e educação junto com comércio, investimento e defesa constituem o cerne do novo capítulo do relacionamento com os EUA e, é nesse espírito que se desenvolverão os trabalhos preparatórios para a visita de Estado em 23 de outubro.

Relação mais profunda

Joe Biden encerrou na sexta-feira (31) sua visita ao Brasil dizendo que já é hora de as duas maiores economias das Américas estreitarem suas relações comerciais, energéticas e de investimentos.

"Estamos prontos para uma relação mais profunda e mais ampla a respeito de tudo, dos militares à educação, comércio e investimento", disse Biden a jornalistas após se reunir com a presidente Dilma Rousseff.


Biden elogiou o Brasil por ter recentemente perdoado 900 milhões de dólares em dívidas da África, e disse que isso mostra a emergência do Brasil como uma nação "responsável" no cenário mundial.

Durante sua visita de três dias, Biden também elogiou o Brasil por ter tirado milhões de pessoas da pobreza na última década, e por mostrar ao mundo que o desenvolvimento e a democracia não são incompatíveis. No entanto, ele pediu ao país que abra mais sua economia a empresas estrangeiras, e que se manifeste de forma mais incisiva na defesa da democracia e dos valores do livre mercado.

As relações entre Washington e Brasília melhoraram desde que Dilma assumiu o cargo, em 2011, adotando uma política externa menos ideológica do que a do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que estabeleceu uma relação de amizade com o Irã e aproximou o Brasil do governo antiamericano da Venezuela, então sob o comando do líder socialista Hugo Chávez.

No campo econômico, a China substituiu na última década os EUA como principal parceiro comercial do Brasil, que se beneficiou da grande valorização de commodities como a soja e o minério de ferro.

Percebendo a melhora nas relações entre EUA e Brasil, empresas dos dois países estão agora pressionando ativamente por uma parceria estratégia que leve a regras mais flexíveis para os investimentos, a um tratado que elimine duplas taxações e a uma suspensão na exigência de vistos para turistas e executivos.

"O clima está melhorando rapidamente, em parte porque o Brasil adotou uma posição mais discreta a respeito de algumas questões políticas globais contenciosas, como a do Irã", disse Eric Farnsworth, vice-presidente do fórum empresarial Americas Society, que se dedica a promover as relações entre EUA e América Latina.

O Brasil também está começando a entender que a China e outras grandes economias emergentes ainda não têm condições de substituir os laços econômicos com os EUA. Embora os chamados países Brics tenham passado rapidamente a dominar uma maior parcela da economia global, eles ainda não são páreo para as empresas dos EUA em termos de fornecer os investimentos e a tecnologia dos quais o Brasil precisa, segundo Farnsworth.

"Parece haver uma crescente sensação de que os Estados Unidos podem desnecessariamente e gratuitamente terem sido afastados pelo governo anterior, particularmente porque a China está se desacelerando e os mercados das commodities estão perdendo força", afirmou.

Brasil: potência emergente

Grande parte da futura relação com os EUA vai depender de o Brasil - cuja economia permanece relativamente protegida por tarifas elevadas e outras barreiras - conseguir facilitar o comércio, disse Biden em discurso no Rio.

Entre as muitas questões pendentes estão o antigo esforço para reduzir as exigências de vistos, e uma ofensiva das empresas dos EUA por proteção dos direitos de propriedade intelectual no mercado brasileiro, onde a pirataria de software é disseminada.

Empresas petrolíferas dos EUA estão ávidas por explorarem os enormes depósitos de petróleo brasileiro em alto mar, que podem fazer do país um grande produtor mundial.

Os EUA também querem que o Brasil compre caças F-18 da Boeing, um negócio de vários bilhões de dólares que marcaria um salto significativo na relação estratégica e de segurança entre as duas nações.

O Brasil busca apoio dos EUA para uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Washington diz que "aprecia" a ambição brasileira, mas não chegou a endossá-la diretamente.

Embora Biden tenha salientado o potencial de aproximação das duas economias - a maior e sétima maior do mundo -, um acordo de livre comércio não está em cogitação, porque o Brasil já faz parte do Mercosul. As regras do bloco sul-americano exigem que os participantes ajam em uníssono em questões comerciais.

Alguns observadores acham que tão cedo não será realista esperar nenhum movimento dramático na direção de uma parceria estratégica completa.

"O Brasil já alcançou uma estatura e um reconhecimento que desfruta hoje em parte por manter sua independência em relação aos Estados Unidos", disse Michael Shifter, da entidade Diálogo Interamericano, em Washington. "Ele vai manter alguma distância, ao mesmo tempo em que buscará tirar vantagem do que os EUA têm a oferecer."



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