Vereadores agora defendem tarifa zero
Uma semana após manifestantes do Movimento Passe Livre serem chamados de “criminosos” e “deliquentes” no plenário da Câmara Municipal de São Paulo, o tom dos discursos mudou. Agora vereadores dizem que a tarifa zero é possível e defendem a revogação do reajuste – a passagem saltou de R$ 3,00 para R$ 3,20.
Na sessão iniciada às 15 horas no Palácio Anchieta, no centro, parlamentares de diferentes partidos tentam contar em cinco minutos (tempo regimental para uso da palavra) como foi a sua participação na passeata. Os elogios ao movimento são uníssonos.
Juliana Cardoso (PT), por exemplo, que não participou dos primeiros atos, apesar de ter apoiado os protestos do Passe Livre em 2011, disse que o movimento “está de parabéns” por ter levantado o debate sobre a redução da tarifa. “Eu participei ontem e quero parabenizar os manifestantes”, discursou a petista.
Laércio Benko (PHS) também contou sobre sua participação na passeata e defendeu a tarifa zero. “Eu encontrei lá o vereador Alfredinho (PT), o vereador Nabil Bonduki (PT)”, contou Benko. “O transporte gratuito está previsto na Constituição, como a Saúde e a Educação. Precisamos discutir como isso pode ser subsidiado, se com o pedágio urbano, por exemplo. Podemos sim falar, a médio prazo, em transporte gratuito em São Paulo”, acrescentou o líder do PHS.
Até Goulart (PSD), que pouca vezes faz discursos no plenário, defendeu a tarifa zero e as manifestações do Passe Livre. “A proposta da tarifa zero é interessante. Quem sabe em um futuro próximo se conquiste a tarifa zero”, afirmou o vereador, uma das principais lideranças da Casa.
Líder do PSDB, Floriano Pesaro disse que o prefeito Fernando Haddad (PT) poderia reverter o reajuste na passagem se não estivesse reembolsando donos de veículos pela taxa da inspeção veicular.
“São R$ 180 milhões que serão devolvidos para quem tem carro, para quem usa só o transporte individual. Por que essa verba não foi usada para segurar o reajuste de R$ 0,20 que gerou toda essa indignação na sociedade?”, questionou o líder tucano.
O líder do PT, Alfredinho (PT), que chamou na semana passada manifestantes de “arruaceiros”, agora diz que o movimento cresceu por causa da repressão da polícia. Ele contou ter ido de Metrô ao protesto de ontem. “A juventude foi para rua e quer mudança”, discursou.
Gilberto Natalini (PV), que também criticou o vandalismo do ato da terça-feira passada, contou sobre sua participação na passeata. “Andei muito, e garanto que tinha muito mais de cem mil pessoas”, falou Natalini. ”A molecada está mostrando para o governo o que é bom para o país”, acrescentou.
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