quarta-feira, 17 de abril de 2013

"Deu do"


Dia de trabalho rende a deputado federal mais que o dobro do valor pago para presidente Dilma
Presidente trabalha oito meses por ano, tempo que os parlamentares têm de folga




A presidente Dilma Rousseff trabalha, por ano, o dobro do tempo dos que os deputados federais trabalham e ganha, por consequência disso, menos que a metade que eles por dia trabalhado. Apesar de receberem o mesmo salário anual, R$ 26.723,13, a chefe do Executivo passa oito meses trabalhando, não tem férias e não tem o costume de "emendar" os feriados, coisa comum entre os parlamentares.

Levantamento feito pela reportagem do R7 mostra que a presidente deve trabalhar 245 dias em 2013. Dividindo seu salário anual — R$ 320.677,56 — pelos dias que dará expediente, Dilma receberá R$ 1.308,88 por dia trabalhado.

No sentido contrário, os deputados federais trabalharão 114 dias e receberão R$ 2.812,69 para dia de expediente na Câmara dos Deputados. Este cálculo considera os mesmos R$ 320.677,56 de salário por ano aos deputados, que ganham o mesmo montante que a presidente Dilma.

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Os deputados chegam a ficar mais de cinco meses sem dar as caras no trabalho — ao todo, os dias sem ir ao serviço deverão somar 162 dias em 2013. O levantamento do R7 considera que, às segundas-feiras e sextas-feiras, os deputados não são obrigados a registrar presença na Câmara. Além disso, leva em conta os feriados nacionais, os dias que são "emendados" no feriado, pontos facultativos e os recessos parlamentares (janeiro, julho e dezembro).

Se forem considerados ainda os fins de semana, o tempo de descanso dos deputados pode chegar 251 dias, mais de oito dos 12 meses do ano.

Sem descanso

Dilma, em um cálculo semelhante, deve ficar 17 dias sem trabalhar neste ano. A presidente tirou seis dias úteis em janeiro para descansar na Bahia, folgou na segunda-feira e terça-feira de Carnaval e na Sexta-Feira da Paixão.

Se fizer como nos últimos dois anos de governo, a chefe do Executivo deve tirar outros dias de descanso apenas em dezembro, entre o Natal e o Ano-Novo. Além disso, deve descansar também nos dias de feriados nacionais durante a semana. Ela, no entanto, não "emenda" feriados. Quando um feriado cai na quinta-feira, por exemplo, a presidente costuma cumprir agenda na sexta-feira. Isso, sem contar quando recebe ministros nos finais de semana.

No Carnaval, por exemplo, Dilma teve agenda oficial antes e depois do feriado. Viajou para a Bahia, mas na Quarta-Feira de Cinzas já estava de volta e dando expediente. Mesmo com o pé machucado — ela fissurou o dedão do pé na viagem — a presidente recebeu ministros e o vice-presidente, Michel Temer, no Palácio da Alvorada (residência oficial) nos dias seguintes ao feriadão.

Na Semana Santa, a rotina de trabalho se repetiu. Dilma fez duas viagens na semana do feriado e trabalhou na quinta-feira, véspera, até o início da noite e teve quatro agendas oficiais no dia.

Os deputados, por sua vez, não realizaram nenhuma sessão deliberativa entre os dias 8 e 18 de fevereiro. Na Quarta-Feira de Cinzas, o site da Câmara não tinha nem agenda prevista. Na quinta e sexta pós-feriado, houve apenas uma sessão de debates, com poucos presentes.

Na Semana Santa não foi muito diferente. O feriado foi na sexta-feira, mas entre os dias 25 de março e 1º de abril os deputados fizeram apenas uma sessão deliberativa, na terça-feira (26). Quarta a sessão foi encerrada e quinta foi um dia sem nem agenda oficial.

Fins de semana

Até nos fins de semana a diferença entre Dilma e os deputados é evidente. Enquanto o Congresso Nacional só fica aberto aos sábados e domingos para visitação da população, a presidente já trabalhou em dias normalmente reservados ao descanso.

Em 2012, Dilma fez várias reuniões setoriais do governo na residência oficial em um fim de semana. Todos os ministros foram convocados para discutir cada área estratégica do governo.

Neste ano não foi diferente. Em março, chefe do Executivo usou um sábado para dar posse coletiva aos ministros da Secretaria de Aviação, Moreira Franco, da Agricultura, Antônio Andrade, e do Trabalho, Manoel Dias.

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