sábado, 2 de março de 2013

Prefeitura sabia dos riscos na obra em imóvel que caiu

Administração exigiu obra emergencial de escoramento da parede, sob pena de embargo







A prefeitura sabia havia dez dias dos riscos de desabamento da obra na avenida Liberdade, na região central da cidade, que matou um pedestre na quinta-feira (28). A administração expediu ordem para que o responsável pelo imóvel fizesse obra emergencial de escoramento da parede, sob pena de embargo da obra.

A vistoria aconteceu após um primeiro acidente, em que parte da marquise atingiu a vendedora Deusa Machado dos Santos, de 36 anos. Após a ordem para realização da obra, a construtura Construt entrou com pedido para Execução de Obra de Emergência. A partir daí, segundo a prefeitura, a responsabilidade era do construtor.

O engenheiro civil Carlos Eduardo Lopes de Oliveira, que se apresentou como responsável pela obra, minimizou o primeiro acidente, após prestar depoimento no 1.º DP (Sé).

— Caiu uma pedrinha da fachada e a prefeitura nos intimou a regularizar. Entramos com uma comunicação de obra emergencial e efetuamos os tapumes. Estávamos fazendo os processos que deveriam ser feitos.


Oliveira afirmou também que a obra estava em situação regular.

— Existe uma autorização, tem cinco pedidos dentro da regional, que já foram apresentados durante o depoimento. A prefeitura tem um prazo normal de tramitação dela. Tenho um protocolo em novembro, outros dois em dezembro.

Ele disse que existe a possibilidade de vazamentos na rede pública de água e esgoto terem causado o problema. Segundo Oliveira, que também é sócio da construtora que tocava a obra, a Sabesp foi acionada pelo menos 15 vezes para checar os vazamentos.

— Já havia algum indício, tanto é que temos vários protocolos na companhia concessionária pedindo para verificar, todos eles registrados.

Há muita água acumulada no terreno. A Sabesp classificou como "irresponsáveis" as afirmações do engenheiro. "Não há qualquer evidência de vazamentos prévios ao desabamento e, do ponto de vista técnico, diante das condições da região, é absurdo afirmar a relação de desabamento de um prédio com um eventual vazamento de uma rede de 5 cm de raio", afirma a concessionária, em nota. A Sabesp diz ainda que não há rede da concessionária debaixo do imóvel, somente na via pública, e que atendeu às solicitações do proprietário.

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