quinta-feira, 21 de março de 2013

Impunidade a vista

Justiça concede liberdade a motorista que atropelou ciclista na avenida Paulista



A Justiça de São Paulo aceitou, nesta quinta-feira (21), o pedido de liberdade de Alex Kozloff Siwek, acusado por atropelar um ciclista na avenida Paulista no último dia 10. O desembargador Breno Guimarães, da 12ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo também determinou a suspensão da habilitação de Siwek até o desfecho da ação penal. O acusado fica, ainda, proibido de sair de São Paulo.

O magistrado destaca em sua decisão que "Siwek não tem envolvimento criminal anterior; possui residência certa e apresentou-se, de forma espontânea, à polícia". Ele também afirma que o acidente trata-se de um fato isolado. Para ele, "tais circunstâncias, embora isoladamente não impeçam a prisão em flagrante ou mesmo a decretação da prisão preventiva, são fortes indicativos de que ele não tem intenção de se furtar à aplicação da lei penal ou de causar embaraço à instrução".


Em relação à suspensão da habilitação, o desembargador explica que "embora a libertação do paciente, não represente, à primeira vista, risco à ordem pública, sua conduta na direção de veículo automotor mostrou-se capaz de abalar tal alicerce".

Cássio Paoletti, um dos advogados de Siwek, declarou que o jovem deve deixar a Penitenciária de Tremembé, interior paulista, ainda nesta quinta-feira.

O caso

David Santos Souza, 21 anos, teve o braço amputado ao ser atropelado por um carro na avenida Paulista na manhã de domingo (10). O acidente aconteceu por volta das 6h, na altura da rua Maria Figueiredo, sentido Paraíso.

A vítima foi levada ao Hospital das Clínicas e passa bem. Alex Siwek, de 22 anos, fugiu do local sem prestar assistência ao ciclista e, em seguida, jogou o seu braço arrancado em um córrego na Avenida Ricardo Jafet, zona Sul da capital paulista.


Mais tarde, ele levou ao local onde teria descartado o braço a Policia Civil, que juntamente com o Corpo de Bombeiros e a Policia Militar tentaram encontrar o membro amputado, sem sucesso.

O motorista foi enquadrado em quatro artigos: homicídio simples tentado; fuga do local do acidente; embriaguez ao volante e "inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima". Na noite do dia 14, Siwek foi transferido para a Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo.

Arrependido

O advogado de Siwek, Pablo Naves Testoni, não concorda com os crimes imputados pela polícia. Segundo ele, seu cliente não tem antecedentes criminais, é estudante universitário e mora com a família.

— É uma pessoa comum que errou.


De acordo com Testoni, o motorista está arrependido e ficou em choque com o acidente.

— Ele está muito arrependido, ele me disse que já estava em choque, que ele não conseguiu raciocionar, que não conseguia pensar, estava chorando, muito nervoso e acabou jogando o braço da vítima ali no córrego perto da residência dele. Assim que ele chegou na residência, já raciocionando, ele imediatamente se dirigiu à polícia.

"Perdoo de coração"

Internado no Hospital das Clínicas desde o acidente, David Santos Souza diz que perdoa Siwek.

— Eu lembro de o motorista ter derrubado três cones e vindo na minha direção. Eu dando pedalada para sair. Só que não deu tempo.

Para David, que já passou por duas cirurgias, Alex demonstrou frieza ao jogar o braço no rio.

— Achei que ele foi muito desumano com o ser humano, que sou eu, ou com qualquer outro humano que tivesse nesse caso.

Mesmo assim, ele diz que perdoa o universitário.

— Perdoo de coração, mas quero que ele pague pelo que ele fez. Isso, eu não desejo para ninguém. Acho que ninguém gostaria de passar pelo que estou passando no momento.



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