sexta-feira, 16 de agosto de 2013

tirando o seu da reta




Após greve de alunos, diretor interino da Faculdade de Direito da USP renuncia
Ao 'Estado', Paulo Borba Casella, que é vice-diretor da faculdade, disse que renunciou porque não poderá implementar a maior parte das decisões exigidas pelos alunos até o fim de seu mandato

Uma semana após os alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) entrarem em greve por melhorias na oferta de aulas, o diretor em exercício, Paulo Borba Casella, renunciou ao cargo nesta sexta-feira, 16. Após pressão dos alunos para uma reunião extraordinária da Congregação, órgão máximo da faculdade, ele desistiu do cargo porque acredita que não poderá tomar a maioria das decisões exigidas até o fim de seu mandato. No entanto, apesar da renúncia, Casella afirma que a “universidade não vive uma crise grave".


Com a renúncia, foi convocado para o cargo de diretor o decano da faculdade, Miguel Reale Júnior. Apesar de estar em licença-prêmio, Reale pode assumir se quiser. Se declinar, a próxima a ser convocada será a professora Odete Medauar, titular de Direito Administrativo.

O Estado apurou que o professor Reale já anunciou a colegas que não pretende assumir. Já a professora Odete está prestes a se aposentar. Na sequência, aparecem os professores Regis Fernandes de Oliveira e Eduardo Cesar Silveira Vita Marchi.

Ao Estado, Casella afirmou que renunciou porque não poderá tomar e também implementar a maior parte das decisões exigidas pelos alunos até o fim de seu mandato como vice-diretor da faculdade, em março de 2015. Desde 1º de agosto, ele está substituindo o diretor Antonio Magalhães Filho, em licença-prêmio. "Neste momento, em que há uma crise previsível, que era essa questão da reforma da grade, que foi começada em 2008 e precisaria ter sido ou completada ou revertida. Como não foi feito nenhuma das duas, eu, como vice-diretor, precisava tomar medidas além a possibilidade de ação do meu cargo. É preciso ou que o diretor assuma ou que ele renuncie ou que se faça a lista tríplice, vá para a mão do reitor e ele nomeie um próximo diretor", disse.

Segundo Casella, decisões pleiteadas pelos alunos como a instauração de 60 créditos livres em vez dos atuais 12 só começariam a valer em 2015, se aprovadas ainda em 2014. "Não adianta manter o estado de greve para coisas que não têm resolução em um espaço de curto prazo."

Após reunião realizada na quarta-feira, 14, com o professor Heleno Torres, presidente da Comissão de Graduação, os alunos afirmaram que se não houvesse uma convocação de Casella para uma congregação extraordinária para tratar das pautas estruturais da faculdade, seriam colhidas assinaturas para que a reunião extraordinária fosse realizada.

Os alunos reclamam que não há oferta suficiente de disciplinas optativas, nem quantidade de vagas necessárias por aula. Assim, há dificuldade para preencher o mínimo de créditos no semestre, ameaçando a formatura. Os problemas atingem mais os alunos que estão prestes a se formar. A mudança curricular de 2008 diminuiu o número de alunos por sala, multiplicando as turmas e criou a possibilidade de ter mais optativas. No entanto, segundo os alunos, a criação dessas eletivas ficou aquém do necessário.

Em decisão tomada em assembleia nesta sexta, 16, com 302 votos favoráveis contra 34, os alunos decidiram por continuar em greve. "Continuaremos em greve até que os alunos consigam convocar uma reunião de deliberação extraordinária e enquanto as pautas não forem atendidas", afirmou o diretor do Centro Acadêmico XI de Agosto, Viniccius Martins Boaventura.

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